Cork Padel, a raquete inovadora que está a conquistar o mundo a partir de Leiria

Há coisa de década e meia, Nicolau Silva começou a praticar padel no Clube da Escola de Ténis de Leiria e rapidamente se tornou num jogador de nível.

Contudo, depressa sentiu um “problema crítico”. Batia tão “forte” na bola que de 15 em 15 dias partia uma raquete.

Tendo em conta que custavam para lá de 200 euros, a brincadeira estava a sair-lhe bastante cara.

Para poupar uns cobres e como sempre foi prendado com as mãos, começou a arranjar as próprias raquetes e os amigos começaram a pedir que lhes fizesse o mesmo.

“Até que um dia decidi fazer uma para mim, personalizada. Veio-me à cabeça a cortiça, por ser um material com boa elasticidade, uma estética diferente, um bom acabamento e dissimula as vibrações, que é um problema do padel e pode levar a tendinites.”

Foram dias, meses e anos de pesquisas, à procura da solução perfeita. Chegou lá por “tentativa e erro”. Fez cerca de 500 protótipos, em testes, até chegar àquilo que pretendia. “Acertar na matéria-prima foi muito complicado”, admite Nicolau.

Depois, começou a jogar com as próprias raquetes e a fazer sensação, também pelos resultados. “Cheguei a ser campeão nacional de segunda categoria e até ganhei uns torneios internacionais com a Susana Feitor Dias.”

Mas as pessoas começaram a “achar piada ao facto de ser de cortiça 100% portuguesa” e à marcante diferença estética. E se pela imagem o impacto era forte, quando começaram a perceber os métodos “únicos” utilizados na construção das raquetes ficaram extasiados.

“Fui técnico de próteses dentárias durante quase vinte anos e todos estes conhecimentos vieram da minha profissão. Encaixei a técnica de fazer os moldes das próteses dentárias nas raquetes.”

E foi assim que, numa pequena garagem localizada na aldeia da Loureira, freguesia de Santa Catarina da Serra, nasceu há cinco anos a Cork Padel, a primeira produtora de raquetes de padel do País.

Já em novas instalações, inauguradas há ano e meio e localizadas num ponto estratégico entre Leiria, Batalha e Fátima, estão várias máquinas, rolos de cortiça e das mais variadas fibras, recipientes com resinas e muitas, mas mesmo muitas raquetes. Desenvoltos, duas dezenas de colaboradores trabalham, atentos às indicações do patrão.

Depois de a matéria-prima chegar em rolos, corta-se a cortiça e as fibras, como o kevlar e o carbono, sendo depois colocadas no molde e impregnados de resinas.

O molde é fechado e colocado numa estufa com ar comprimido, para ganhar o formato da raquete, que depois será furada.

Posteriormente recebe os acabamentos, como as bandas laterais e o escudo, é envernizado e é feita a montagem final.

Apesar de o processo continuar a ser todo artesanal e demorar “sete horas” a concluir uma raquete, a tecnologia utilizada na produção tem sido melhorada com novas ferramentas. O objetivo é “melhorar ainda mais a qualidade”.

A oferta da Cork Padel tem crescido exponencialmente e até uma (também) inovadora raquete para crianças tem. Neste momento, apresenta sete modelos patenteados, com os preços a oscilarem entre os 199 e os 430 euros. “Estas raquetes duram bastante e acredito que é a melhor coleção que existe, utilizada por jogadores profissionais”, explica Nicolau Silva.

É verdade, as raquetes de Leiria estão, literalmente, a invadir o mundo. “Estamos em todo o lado, só não estamos na Rússia. Temos distribuidores no Dubai, no Qatar, na China, no Japão, no México ou no Estados Unidos. Além da questão estética, que não deixa dúvidas, as pessoas adoram o facto de serem mais resistentes.”

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