A espera foi longa. Demorou demasiado. Mas no último domingo Milad pôde finalmente fazer o que mais gosta. Após dois anos à espera de receber o estatuto de refugiado e o cartão de jogador da Federação Portuguesa de Futebol, teve finalmente oportunidade de participar num jogo da equipa de iniciados da Academia Desportiva CCMI, de Leiria. E até fez um golo!
Foi uma alegria. Uma alegria que atenua tudo o que a família deste avançado tem passado. Fugiram da guerra no Afeganistão e estabeleceram-se em Portugal à procura da paz que não tinha na própria terra. E a adaptação de Milad também não foi fácil.
“A integração estava a ser difícil. Não queria ir à escola. Só queria jogar futebol”, conta Renato Cruz, presidente da Academia CCMI, sobre o miúdo de 13 anos. Atento, o Município de Leiria, responsável pelo acolhimento às famílias refugiadas, resolveu contactar o clube para ir ao encontro das necessidades do rapaz e que a prática desportiva pudesse ser uma realidade.
“Havia barreiras linguísticas, mas conseguiu adaptar-se. Hoje, fala fluentemente português.” A integração foi um sucesso, muito porque o futebol é, de facto, uma enorme paixão. “Mesmo sabendo que não podia ir a jogo”, o rapaz afegão “não faltava a um treino e assistia a todos os jogos”.
Na passada sexta-feira, dois longos anos depois de chegar a Leiria, e já com o processo regularizado, Milad, de 13 anos, recebeu então o cartão da FPF. No final no treino, o técnico Emanuel Bragança deu a boa nova à frente dos colegas de equipa e da própria família, convidada a assistir ao momento.
Naturalmente, houve muita alegria, mas também muita emoção. “É uma sensação incrível permitir ao Milad que possa fazer o que tanto gosta de fazer”, explica Renato Cruz. “Agora está inscrito e está bem.”
No domingo de manhã lá estava ele. Chovia muito, mas não seria isso que impediria uma estreia perfeita presenciada pelas irmãs, marcada com um golo e uma saborosa vitória sobre o GRAP. E vê-lo a sorrir sabe tão bem…