Ana Sofia Costa e Celina Gameiro regressam ao local onde mais foram felizes

No ano passado foi a Tóquio, onde teve a suprema honra de competir nos Jogos Paralímpicos. Já no início de maio deste ano atingiu o ponto alto da carreira, quando viajou até ao Rio de Janeiro e venceu a Taça do Mundo de boccia, um mês antes de disputar o Campeonato Nacional em Leiria, Cidade Europeia do Desporto.

Porque acreditamos que uma pessoa deve sempre voltar a um lugar onde foi feliz, a escolha do local para a disputa do Campeonato do Mundo é, definitivamente, um bom augúrio. É que a mais importante competição do ano vai realizar-se de 3 a 14 de dezembro, na Cidade Maravilhosa.

Falamos de Ana Sofia Costa, a nossa campeã da Maceira, que nasceu com uma distrofia neuromuscular, patologia congénita que lhe retirou a capacidade de andar no final da infância. No entanto, ela afronta sempre os problemas e diz sim à vida. Tem, como lema, “lutar sempre, vencer às vezes, desistir nunca.”

Como não é menina para se resignar, encontrou no boccia algo que a preenche. Descobriu a modalidade quando entrou para o Centro de Deficientes Profundos João Paulo II, na vizinha Fátima, tinha 14 anos e o trabalho de uma década com o técnico David Henriques tem dado frutos.

Também Celina Gameiro, auxiliar na instituição, tem um papel decisivo na viabilidade deste projeto desportivo comum. É ela que a acompanha para todo o lado e a ajuda nos aspetos mais práticos. “É uma parceira para 25 horas por dia”, explica David Henriques.

“Não só dentro de jogo tem de haver uma cumplicidade enorme – e elas falam através do olhar – como depois há a parte diária da higiene, da alimentação e do descanso.”

À semelhança da petanca, o objetivo do boccia é colocar as bolas de cor (seis azuis e seis vermelhas) o mais perto possível de uma bola alvo (branca). Ana Sofia Costa, que compete na categoria BC3, destinada a atletas com transtorno do movimento de grau moderado no tronco e em alto grau nos membros, usa uma rampa para efetuar o lançamento da bola no campo.

Precisa de “montar a estratégia, ler a jogada e delinear o que vai fazer a seguir”. Depois, é Celina quem coloca a bola na calha e o dispositivo no local indicado pela desportista.

A disputar provas desta estirpe “tem de se trabalhar bastante”, “duas vezes por dia”, conta o responsável, mas a atleta nunca está satisfeita. “Se o treino tem duas horas ela quer duas horas e meia.” E se continuar assim, ambiciosa, boas novas chegarão com certeza do Brasil.

Comentários

  • Maria Serrano
    25 Novembro, 2022 @ at 22:44

    Excelente trabalho e esforço, dedicação…!!

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