Há partidas que não se veem no calendário. Começam devagar, longe dos holofotes, nas margens dos campos onde os sonhos ainda se vestem de lama e esperança. Diogo Nascimento, médio de 22 anos, saiu dos Marrazes com a bola debaixo do braço e a ambição onde sempre coube: entre o coração e os pés.
Nasceu em Leiria, cresceu nos Marrazes e foi ali, no meio das tardes compridas e dos jogos de rua, que começou a desenhar o caminho. Formado no Benfica, onde chegou muito jovem, nunca foi daqueles nomes que se impõem à força. Foi crescendo em silêncio, com trabalho e critério, até se tornar num dos médios mais elegantes e fiáveis da sua geração. Vizela deu-lhe minutos. E foi em Vizela que se fez homem.
Agora, é oficial: Diogo Nascimento é reforço do Olympiacos. O campeão grego contratou o internacional sub-21 por Portugal e ofereceu-lhe um contrato até 2029. A transferência, avaliada em 4 milhões de euros, será repartida entre Vizela e Benfica — clubes que detinham, em partes iguais, os direitos económicos do jogador.
Com passagem recente pelo Europeu de sub-21, onde representou Portugal com maturidade e consistência, Diogo junta-se agora a um plantel onde já figuram vários compatriotas: Chiquinho, Gelson Martins, Costinha e André Horta. “Acho que o facto de haver muitos portugueses é bom para mim. Vai ser uma adaptação fácil”, admitiu aos meios do clube.
A ligação a Chiquinho, antigo colega, foi decisiva. “Antes de vir, aconselhou-me. Disse que é um clube muito grande, que os adeptos são muito fervorosos. Não pensei duas vezes.”
E há qualquer coisa de bonito nisto: um miúdo de Leiria, mais propriamente dos Marrazes, a encontrar o seu espaço num dos clubes mais apaixonados da Europa. “Gosto de ter bola, de fazer jogar, de ganhar. É para isso que vim para aqui”, afirmou.
No vídeo de apresentação, a mensagem foi simples: “Agora faço parte da família Olympiacos. Vamos, todos juntos, em busca de mais sucesso e títulos.”
A mesma clareza com que sempre jogou. Sem rodeios. Porque há coisas que não se ensinam. Trazem-se de casa. E Diogo trouxe dos Marrazes aquilo que muitos procuram uma vida inteira: a certeza do que quer.