O histórico da seleção nacional feminina de futebol de praia não é longo e resume-se a seis jogos apenas.
Tudo começou a 9 de setembro do ano passado, na Figueira da Foz, frente a Inglaterra, e entre as convocadas lá estava a leiriense Ema Toscano.
Ela é, de resto, totalista, pois esteve presente em todos os jogos da equipa das quinas nesta variante, e numa altura em que Portugal se prepara para marcar presença na fase final do Europeu, em Itália, nas eleitas volta a constar o nome da futebolista, de 31 anos.
Contudo, para os jogos decisivos marcados para Itália, de 8 a 11 de setembro, ela não vai só. Há uma outra futebolista de Leiria que integra a lista de 12 convocadas. Chama-se Sofia Vicente e é a mais nova do grupo, com 19 anos.
O estágio começou esta quinta-feira, na Cidade do Futebol, em Oeiras. Apesar de ser um projeto embrionário, o objetivo delineado é conseguir chegar, “pelo menos”, as meias-finais.
Ema Toscano
Chegou a jogar em simultâneo andebol, no Académico de Leiria, e futebol, no GRAP, mas a paixão de Ema Toscano pelo pontapé na bola acabou por prevalecer.
Depois do futebol veio o futsal. Jogou na União de Leiria, no Núcleo Sportinguista de Leiria, na Academia da Caranguejeira, no Louriçal e na Golpilheira, onde esteve na temporada passada.
A variante de praia acabou por chegar pela necessidade de a região ter uma equipa para jogar a EuroWinners Cup, em 2021, uma competição internacional que se disputa todos os anos, na Nazaré.
Ema tirou férias para ir e foi amor à primeira vista. Tanto que se tornou rapidamente numa das mais competentes praticantes do país.
De tal forma que, como poucos meses de modalidade, em setembro do ano passado chegou à seleção. “Chorei o tempo todo. Era um sonho que eu nem sabia que tinha.”
Teve, então, a “alegria” de tomar contacto com um dos seus ídolos. O selecionador nacional é Alan Cavalcanti, um dos melhores jogadores que defendeu as cores de Portugal pelos areais dos quatro cantos do mundo.
“Ia para casa ver os jogos dele na televisão. É um prazer e um privilégio aprender com os melhores”, sublinha a futebolista, campeã nacional no ano passado e vice-campeã esta temporada, sempre ao serviço d’O Sótão, numa variante que não pensa abandonar.
“Dizem que é mais cansativo e até pode ser, mas o importante é que não tenho lesões. Por isso, sinto-me melhor.”
Em Itália, o objetivo é ir o mais longe possível e tentar replicar os resultados que a seleção masculina tem conseguido ao longo dos tempos.
“Faltam-nos dois jogos para atingirmos as meias-finais. Queremos muito chegar longe.”
Sofia Vicente
“Vai ser difícil, mas vamos fazer tudo para ganhar”, prossegue Sofia Vicente, ansiosa por ouvir A Portuguesa e estrear-se com a camisola de Portugal.
Na escola, aos 6 anos, a brincadeira preferida era sempre o futebol. Tanto assim era que seguiu os colegas e passou a jogar também num clube.
“Experimentei inúmeros desportos, como a equitação, a natação e a patinagem artística, mas o futebol sempre foi a perdição.”
O talento era inato e aos 14 anos estreou-se no principal escalão do futebol feminino português pelo Atlético Ouriense.
Ao futebol de praia chegou como Ema Toscano, era algo a que “gostava muito” de assistir, pelo que a adaptação aos areais não foi difícil.
“Um bocadinho surpresa” foi, admite, a chamada à seleção nacional para a fase final do Europeu.
“Ainda me falta alguma maturidade a jogar”, admite a ala que representa, tal como a colega, O Sótão, onde têm muita “paciência” com ela.
Mas ela pode até dizer que é “difícil”, mas tem um coração de ouro. Quantas são as jogadoras que se podem gabar de lhe terem sido mostrados dois cartões brancos por atitudes de fair-play dentro do campo?