Entre vários Tomás e Matildes, alguns Lucas e Marias e bastantes Franciscos e Madalenas, um nome chamava particular atenção na longa lista de 220 nadadores que, no início deste mês, participaram no Meeting de Natação de Leiria.
E não foi por ter um currículo extraordinário ou por ser uma figura pública, até porque a competição organizada pela Associação de Natação do Distrito de Leiria era dedicada em exclusivo ao escalão infantil e para miúdos dos 12 aos 14 anos. A questão, aqui, é mesmo a originalidade do nome, associado de forma umbilical a uma localidade.
E se Benedita é uma graça que está na moda, e Fátima e Nazaré foram abundantemente utilizadas noutro tempos, menos comum – ou incomum de todo – é conhecer alguém com o nome da capital de distrito a não ser que seja em forma de apelido.
É verdade. Por mais curioso que possa parecer, a rapariga chama-se Leiriia Silviovna Tonkikh, com dois ‘is’. Tem 11 anos e é nadadora do Clube Náutico de Leiria. E apesar de ter nascido em Klin, a uma centena de quilómetros de Moscovo, a mãe, Elena, decidiu dar-lhe o nome da nossa cidade.
Porquê? Por ser precisamente a terra do pai da miúda, português e leiriense.
“Foi a primeira terra portuguesa de que a minha mãe ouviu falar e, para nunca se esquecer, deu-lhe esse nome”, explica Dinara, irmã da jovem nadadora. Quando conheceu a cidade, acrescenta Leiriia, a mãe gostou tanto, mas tanto, que quis perpetuar tal graça o mais próximo possível do seu coração.
Com uma pequena diferença, ainda assim. Um ‘i’ foi acrescentado na tradução do alfabeto cirílico e da língua russa para o alfabeto romano e a língua portuguesa, “o que não era suposto”.
Leiriia tinha 3 anos quando chegou a Leiria, em 2015. “Viemos de férias e acabámos por ficar”, conta Dinara, que gosta particularmente de viver nesta cidade, “calma e peculiar”.
Já Leiriia, (boa) aluna do 6.º ano do Colégio Dinis de Melo, em Amor, divide o tempo entre a natação e a dança. Também já tocou piano, mas é mesmo das piscinas que gosta. Quer ser uma nadadora campeã e depois ser advogada, para assim ajudar a fazer justiça.
O nome que lhe deram, esse, por vezes é motivo de alguma confusão. “Quando digo o meu nome há muita gente que fica admirada. Pensam que estou a dizer a cidade de onde sou.” No fundo, até têm razão. “Olham para a minha mãe e só acreditam depois de ela confirmar. Gosto muito do meu nome.”