Uma menina com a camisola do Cruzeiro de Belo Horizonte vestida e uma bandeira de Portugal nas mãos. Uma imagem que traduz bem a iniciativa No desporto e na vida, gostar e respeitar e, no fundo, a realidade do Agrupamento de Escolas de Marrazes.
Muitos tinham vestida a camisola do Benfica, outros do Sporting. O FC Porto também estava representado, ainda que menos, tal como a Juventus, o River Plate e o Real Madrid.
Como é natural, a força do Leiria e Marrazes fazia-se sentir, a União de Leiria e a Sismaria, também estavam presentes.
No entanto, a quem não faltavam adeptos eram mesmo os clubes brasileiros, sobretudo o Flamengo, mas também o Corinthians, o Palmeiras ou o Cruzeiro.
No fundo, naquelas camisolas de futebol estava representado o multiculturalismo que faz o Agrupamento de Escolas de Marrazes. Lá, convivem todos os dias alunos de 26 nacionalidades diferentes.
Mas vamos à história. Tudo aconteceu a 30 de setembro e surgiu de uma ideia de Patrícia Martins, mediadora cultural daquele estabelecimento.
“Super indignada” com o caso mediático de um miúdo ter sido impedido de entrar numa bancada específica do FC Famalicão por estar com uma camisola do Benfica vestida, decidiu “meter o dedo na ferida”.
Desafiou, então, Rui Fernandes, responsável pelo Desporto Escolar do Agrupamento de Escolas de Marrazes, que aderiu com entusiasmo. Foram depois falar com o diretor, Jorge Brites, que autorizou sem pestanejar.
Aproveitando o Dia Europeu do Desporto na Escola, resolveram avançar com a atividade No desporto e na vida, gostar e respeitar. Do que se tratava? Muito simples.
“Fomos bater às portas de todas as salas e pedimos aos miúdos, às miúdas e a toda a gente da comunidade escolar para levar uma camisola do seu clube. Perguntaram se podiam levar do Brasil. Claro que podiam!”
E assim, às 12:30 horas, após o toque da campainha, lá saíram todos para a rua. Professores, funcionários, administrativos e sobretudo alunos, foram mais de 700 pessoas que fecharam o cordão humano à volta da escola.
De sorriso na face, todos aderiram de boa-vontade à iniciativa. Claro que houve brincadeiras, mas a mensagem definitivamente passou, entende Patrícia Martins.
“Temos de respeitar-nos uns a os outros, independentemente do clube de que gostamos, da modalidade que escolhemos ou do país de onde somos.”
Fotografias: João Peres