Sonho de representar seleção nacional concretiza-se aos 71 anos

Diz que não treina tanto quanto devia, que a sorte é ter um “ADN favorecido”, mas alguma coisa Joaquim Gomes tem de fazer bem. É um ás a correr, seja na estrada, na pista ou em trilhos, e não será por acaso que foi convocado para representar Portugal no Europeu de corta-mato para veteranos, que se vai disputar este domingo, em Braga.

A verdade é que foi um dos poucos escolhidos e, aos 71 anos, este atleta do Centro Popular e Recreativo de A-do-Barbas, da freguesia da Maceira, vai poder olhar-se ao espelho e ver-se com a camisola de Portugal vestida. Serão certamente muitos, os que sonham com este momento e nunca o conseguem alcançar, mas ele vai lá estar. “É um orgulho enorme, mesmo muito grande”, admite.

Na verdade, parte com dois objetivos para os 8 km que terá de enfrentar. O primeiro é “dar o melhor” de si. O segundo, “deixar orgulhosos todos aqueles que contribuíram para este momento”, dos colegas da seleção aos do clube, passando por todos aqueles que com ele se cruza durante as provas populares onde compete.

Para estes momentos competitivos, tem uma máxima de que não abdica: “o que der, deu”, diz, explicando que não vale a pena querer mais do que o corpo e a mente conseguem dar.

Curiosamente, Joaquim Gomes só chegou ao atletismo aos 40 anos. Não é, contudo, um daqueles a quem o início da prática de atividade física alterou radicalmente o modus vivendi. Antes, dedicava-se de corpo e alma ao futebol, lá na terra, “ainda se jogava a feijões”.

Por isso, quando se meteu nas corridas, “o corpo já estava preparado”. Os resultados rapidamente começaram a aparecer e foi-se destacando por onde passasse. Por isso, o currículo é rico e as prateleiras lá de casa estão cheias de medalhas e troféus.

Ainda assim, admite, o prémio de que mais se orgulha é ter sido responsável por colocar tantos meninos de A-do-Barbas a praticar desporto e a formá-los enquanto homens, nos anos em que foi responsável pela secção. “Treinava dos mais miúdos aos mais graúdos e agora esses rapazes são os pais dos atletas de amanhã. É essa a minha maior vitória, maior do que chegar à seleção.”