De Leiria para o mundo, Paulo Alberto é rei do motocross dos dois lados do Atlântico

Aos três anos, já Paulo Alberto acelerava, feliz da vida, uma pequena moto nos baldios à volta de sua casa, no Vale do Horto. Seguia, assim, as pisadas da família, pois o pai também foi piloto de motocross e as duas rodas sempre prevaleceram sobre a bola na altura de brincar.

Obviamente, dificilmente se poderia conjeturar então que o piloto da União de Freguesias de Parceiros e Azoia se tornaria numa figura da modalidade aquém e além-mar. A verdade, porém, é que nas prateleiras de casa conta com 18 troféus de campeão nacional, dez em Portugal e oito no Brasil.

Foi a oficina paterna e o eucaliptal das redondezas que permitiram que esta paixão se consumasse. “Fizemos uma pista pequenina, ao pé da escola primária, para podermos treinar. Depois, o meu pai fez outra, no Vale do Horto”, recorda o rapaz, cuja rivalidade com o irmão Carlos, mais velho, o fez competitivo.

Paulo Alberto compete no Brasil desde 2013

“Com 8 ou 9 anos comecei a ir com o meu primo Luís Gonçalves para as corridas e ele era a minha inspiração. Íamos treinar sempre juntos, o meu irmão também, e eu era louco por aquilo”, conta Paulo Alberto.

Aos 11 anos, começou então a competir, numa moto 60 centímetros cúbicos (cc). Era um verdadeiro vício, que não se confinava às provas e lhe tomava o tempo livre. “Tinha uma 50 cc e no verão andava o dia todo. Quando ficava sem gasolina e o meu pai não me deixava andar mais. Uma vez, lembrei-me que tinha ‘gasosa’ em casa, fui buscá-la e meti no depósito. Não era a ‘gasosa’ certa, estraguei a moto e estive quase um ano de castigo”, recorda o piloto.

Não se deixou ficar. E se a moto não acelerava, acelerava ele pelos dois. “Restava-me empurrá-la. Montava-a nas descidas e empurrava-a outra vez para cima. Não era a mesma coisa, mas divertia-me à mesma.”

Títulos atrás de títulos

Sagrou-se pela primeira vez campeão nacional em 2001, na categoria 60cc. Depois, em 2004 e 2005 venceu em 85cc. Chegou aos mais velhos e venceu em 2008, 2009, 2010 e 2011 em supercross, ano em que também conquistou o título de motocross, tal como em 2012.

Chegamos então a 2013. Um ano “histórico” para o piloto, mas também para os Parceiros. Nesse ano, como em 2014, a freguesia acolheu uma prova do Campeonato Nacional de supercross nos terrenos contíguos ao campo de futebol. “Foi um sucesso incrível e ainda por cima ganhei. Estavam mais de cinco mil espetadores. É normal, as pessoas do concelho de Leiria são muito aficionadas pelo desporto motorizado. Agora anda uma loucura com os drifts.”

Piloto de Leiria assinou por mais dois anos com a Yamaha Brasil

Ora, foi nesse mesmo ano que Paulo Alberto começou a aventura brasileira, país onde sempre foi “muito acarinhado”. “São muito fanáticos. Se dizes que és piloto oficial Yamaha dão-te um estatuto como se fosses jogador da bola. Pedem logo para tirar fotografias, mesmo que não te conheçam.”

Em Portugal já é diferente. “São muito mais conservadores. Às vezes, no shopping, em Leiria, noto que os rapazes mais novos sabem quem sou, que gostavam de tirar fotografias, mas são mais tímidos.”

Tudo somado, já conquistou oito títulos de campeão nacional brasileiro: seis de arenacross, o correspondente ao supercross em Portugal, e dois de motocross, mas Paulo Alberto, de 32 anos, já não passa tanto tempo do outro lado do Atlântico como inicialmente.

“Agora, vou correr e venho-me embora. É mais fácil para mim”, explica o piloto, que não nega as saudades da família, dos amigos, mas também dos cães e, sobretudo, de tudo o que a sua Leiria lhe oferece.

Apesar de a última época não ter sido tão feliz devido a problemas mecânicos, ainda ganhou umas provas, mas não esteve dentro da luta pelo título. Ainda assim, a Yamaha Brasil renovou-lhe o contrato por mais dois anos. “tinha propostas de outros campeonatos, mas já me sinto-me bem na minha equipa e oferecem-me boas condições”, justifica Paulo Alberto. Por isso, é para continuar, mas ele não esconde que sonha um dia fazer o Dakar.

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