O orgulho em representar as origens é “enorme” e até sente “borboletas no estômago” só de pensar no que está para chegar. Filipe Gomes está “mais feliz e motivado que nunca” por já tem garantida a participação nos Jogos Olímpicos de Paris pelo Malawi, o país africano onde nasceu há 27 anos. A informação por que todos aguardavam no Clube Náutico de Leiria está finalmente confirmada.
É verdade! O nadador, que também é presidente do clube, reside em Leiria desde os 10 anos, mas nasceu naquele país africano que representa nas mais importantes competições do planeta, inclusive nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021.
Já com os cinco anéis olímpicos tatuados no corpo, esta será, pois, a segunda vez que vai marcar presença no mais importante evento desportivo do planeta, mas a experiência promete ser muito diferente. A pandemia impediu que a primeira participação olímpica fosse plena, porque faltou a parte social, de convívio com colegas de outros países. E é precisamente isso que mais motiva o leiriense.
“Em Tóquio, se víssemos o nosso ídolo na Aldeia Olímpica, sabíamos que não podíamos ir ter com ele para pedir um autógrafo, uma selfie ou simplesmente falar com ele. Eram os próprios delegados que impediam o contacto. Até posso dizer que da primeira vez fui nadar, mas agora é que vou aos Jogos Olímpicos”, diz Filipe Gomes que, apesar de ser brucista, vai fazer jus à tradição e representar o Malawi nos 50 metros livres.
Mas vamos ao início. A históriado atleta do Clube Náutico de Leiria começa quando os avós maternos se mudaram para África, ainda jovens. O avô abriu uma oficina de bate-chapas, integrou-se na comunidade e construiu família.
Foi de resto no lago Malawi, ou Niassa, um dos maiores do mundo, que Filipe começou a nadar. “Ia sempre com colete, mas houve um dia em que me atiraram para dentro de água e fui a nadar à cão até ao meu pai.” Jamais imaginaria que seria o prelúdio para uma carreira internacional, mas foi mesmo.
Os pais regressaram a Leiria quando tinha 10 anos e a natação teve, até, um papel importante na sua integração. Foi construindo uma carreira sólida, mas sem hipóteses de representar Portugal, quando um colega atirou: “e se começasses a competir pelo Malawi?”
A caminho dos segundos Jogos Olímpicos e sete Campeonatos do Mundo pode bem dizer que “valeu a pena”!