Só queria atacar, aceitou o novo papel e transformou-se no melhor defesa da Europa

Francisco Santos sempre foi um marcador de golos. Muitos, mesmo, beneficiando da potência e da colocação dos seus remates de primeira linha. E foi sempre assim, desde pequeno, na Juventude Desportiva do Lis, onde começou a jogar, mas também na praia, uma variante que abraçou também em criança, apaixonado pelo bailado que esta variante permite, entre piruetas e jogadas aéreas.

Defender nem era muito com ele. É, sempre foi uma atividade dura, mas desvalorizada. Um dia, contudo, os golos tiveram mesmo de ficar para trás. O seu foco passou a ser precisamente o contrário. Vestiu o macacão de trabalhador de colarinho azul e acabou por se encantar pela tarefa hercúlea de impedir o adversário de marcar.

“Houve um Verão em que passei a integrar a equipa LX50, que era cheia de talento à frente, mas tinha algumas lacunas atrás. O treinador pediu-me para recuar no campo e acabei por descobrir a minha vocação.”

Tanto, que aos 27 anos foi considerado o melhor defensor do Europeu de andebol de praia que nos últimos dias decorreu na Nazaré, onde Portugal conquistou o quarto lugar e uma vaga nos próximos Jogos Europeus. “Foi sem dúvida o momento mais marcante da minha carreira”, sublinha o número 14 da seleção nacional.

Mas para lá chegar, o leiriense, filho de Joaquim Santos, presidente da Juve Lis, teve de se dedicar a fundo ao estudo da tarefa. Viu e reviu vídeos dos melhores, ouviu os conselhos dos craques da tarefa, percebeu como reagir em qualquer situação.

No andebol de praia, a defesa está sempre em desvantagem numérica, pelo que qualquer bola recuperada é motivo de regozijo. Por isso, hoje, quando faz um bloco ou interseta uma bola, festeja mais efusivamente do que comemora o mais belo dos golos que concretizara. “Sinto uma adrenalina ainda maior. É uma grande vitória sempre que conseguimos impedir que o adversário concretize.”

Francisco Santos é assim, humilde, e a tarefa fica-lhe muito bem. “Naqueles 20 minutos tenho de dar conta do recado: recuperar bolas para os colegas da frente fazerem mais golos e chegarmos à vitória.”

Depois de estar no Mundial do ano passado, a presença no Europeu consagrou-o como um nome incontornável da modalidade. O grupo é “uma família” cheia de “química” e jogar na Nazaré, com os amigos e a família a apoiar, foi um sonho tornado realidade.

Mas o percurso profissional deste engenheiro levou-o a França, onde continua a jogar indoor, mas num nível amador. “É uma forma de continuar a jogar. O treinador sabe que a minha prioridade é a praia e sempre que posso vou a torneios para manter a forma e continuar a evoluir.”

Porque é o melhor da Europa, sim, mas ainda há um Mundo para conquistar!

Fotos: EHF / kolektiff

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