Bruno e Cristiano são pai e filho, leirienses e jogam na mesma equipa de andebol

Passaram sete anos desde que Bruno Conceição pendurou a camisola e tirou pela última vez a resina das mãos. Nos últimos tempos, o desporto foi sobretudo andar de bicicleta, a que foi juntando algumas brincadeiras com os veteranos. Mas jogar a sério, mesmo a sério, como fez durante quase três décadas, há muito que era passado.

A verdade é que o que “bichinho do andebol” tem estado sempre a morder, mas só agora encontrou o pretexto prefeito para regressar. Aos 47 anos, o leiriense, formado no Atlético Clube da Sismaria, decidiu voltar a equipar-se. E mais do que alimentar o vício, o jogador quis poder ter o privilégio, que poucos conseguem, de jogar com o filho, Cristiano, de 19 anos. Tem sido uma “alegria”.

“Nunca pensei que tal pudesse acontecer, mas surgiu a oportunidade e juntei o útil ao agradável. O treinador, Miguel Fernandes, disse-me que se eu quisesse voltar a jogar estava à vontade e eu aceitei”, conta Bruno Conceição.

É, então, no Batalha Andebol Clube que pai e filho partilham o campo. Ainda por cima, como o mais novo é central e o mais velho lateral, jogam lado a lado e estão em constantes trocas de bola. A equipa disputa a 3.ª Divisão e já disputou duas partidas, contando com uma vitória e uma derrota, sendo o pai o melhor marcador da equipa.

Nada que surpreenda, pois teve o mérito de não deixar que os anos lhe retirassem a boa forma. Ainda assim, a esposa, Sofia, “temeu” que o marido se aleijasse. Já a filha ficou “toda contente” de ver progenitor e irmão a partilhar campo.

Cristiano admite que, apesar de estar habituado a acompanhar e a ser acompanhado pelo pai nos respetivos percursos desportivos, nos primeiros tempos achou “estranho” ter o pai como colega. “Rapidamente” se habituou e agora é um “orgulho”. “Ele é uma referência e sabia que ia aportar muita experiência e qualidade à equipa, mas ao meu jogo também. Dá-me muitos conselhos e eu gosto de aprender”, sublinha.

“De início estava retraído, mas agora não”, admite Bruno. “Falamos como colegas de equipa e não o trato de forma diferente. Nem gosto que se refiram a ele como o meu filho. É o Cristiano.” E se, nesta modalidade de contacto físico, algum adversário é mais agressivo com o rapaz? “Custa-me, mas não dou o braço a torcer. Nem sequer me vingo”, assegura.

Esta é, enfim, uma bela história de camaradagem. Quantos pais se podem orgulhar de ter uma relação tão próxima com o filho? É que eles também são comparsas na famosa terceira parte, tão importante no desporto amador, garante Cristiano. “Ainda no sábado, depois do jogo, estivemos até às quatro da manhã com a equipa.”

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