Pode parecer estranho, mas é um facto: Diana Silva aprendeu primeiro a saltar no trampolim do que propriamente a andar.
Praticamente desde que nasceu acompanhava os pais quando estes iam buscar ao treino o irmão mais velho, Miguel, e o treinador Rui Branco, que agora é o dela, com olho de lince, metia-a em cima do aparelho a brincar.
Gostava, muito, e aos dois anos e meio lá se inscreveu no Trampolins Clube de Leiria, de onde nunca mais saiu.
Mas apesar de a modalidade com que se identificava estar há muito encontrada, até aos oito anos praticou três modalidades.
“Os meus pais achavam muito importante para o meu desenvolvimento a ginástica, a natação e a dança. Depois, optei pelos trampolins que era a que mais gostava de fazer”, explica a ginasta de 16 anos.
Naquele trampolim, sente-se tão confortável como quando estava no berço ou no colo da mãe, como um peixe na água ou uma ave no céu.
Aquela tela de nylon esticada e fixada por molas, com 5,05 metros de comprimento, 2,91 metros de largura e 1,155 metros de altura é o seu meio ambiente natural.
Numa modalidade tão espetacular, a concentração, garante, tem de ser absoluta. Não pode haver espaço para facilitismos. E cada vez mais, à medida que a complexidade das acrobacias aumenta. “Tenho de ter muito foco para não acontecerem desgraças”, enfatiza.
O percurso tem surpreendente. Com esta idade, já esteve presente em quatro Campeonatos do Mundo por Grupos de Idade e com a prestação que teve no Campeonato Nacional deste fim de semana garantiu pela segunda vez o apuramento para um Campeonato da Europa do escalão júnior.
Na competição, que terá lugar em Rimini, Itália, de 1 a 5 de junho, não terá a companhia de Rita Vieira, a companheira e amiga desde o primeiro dia nos trampolins e com quem conquistou o hexacampeonato em sincronizado, mas estará lá para altos voos.
“No ano passado ficámos em quarto lugar em trampolim sincronizado a centésimas dos terceiro e segundo lugares. Este ano temos como objetivo as meias finais em trampolim individual, ficar no pódio em trampolim sincronizado e manter o estatuto de alto rendimento.”
É para isso, de resto, que treina duas horas, seis dias por semana, mas também para cumprir um sonho maior: ir aos Jogos Olímpicos, em “2028 e 2032”, um objetivo que partilha com tantos outros craques de Leiria, Cidade Europeia do Desporto.