Leiria Run e o orgulho de levar o nome do tio Zé Martins ao pé do coração

Quando Luís Pereira cortou a meta, em pleno Estádio Municipal Dr. Magalhães Pessoa, sentiu que a missão estava “cumprida”.

Estava “orgulhoso” por ter conseguido concluir em mais de uma hora e 21 minutos os 13 longos quilómetros de subidas e descidas, em trilhos e alcatrão, na cidade e nos arrabaldes percorridos pelo Leiria Run.

Para ele, que nem é muito de corridas, aquele 283.º lugar teve sabor a pódio olímpico. Sim, pode não parecer um resultado espetacular, mas permitiu-lhe cumprir a última promessa que fez ao “tio Zé”.

É que Luís é sobrinho de José Martins, um dos nomes maiores do atletismo do concelho, que partiu em Novembro último, aos 69 anos.

Mais do que o (muito) que conseguiu conquistar a dar corda aos sapatos, das muitas medalhas e taças com que ia adornando as prateleiras lá de casa, José Martins destacou-se por ser um “homem bom”.

Toda a gente o conhecia por ser uma “figura muito querida” e quase omnipresente nos eventos de atletismo. “Estava sempre pronto a ajudar o outro.”

Os incentivos “bora jovem” e “força companheiro” eram a sua imagem de marca. Era um “grande parceiro”, que parava imediatamente de correr para auxiliar o outro.

“Abdicava do resultado para ajudar quem quer que fosse. Não era preciso ser alguém próximo. Não deixava ninguém sozinho”, conta Miguel Saraiva, amigo e colega no Clube de Atletismo da Barreira.

Era esta história de vida dedicada ao atletismo que Luís Pereira queria honrar, porque da última vez que estiveram juntos, já estava fragilizado devido a um carcinoma, José Martins lançou-lhe um desafio.

“Disse-me que não podia correr, ainda só estava apto para fazer umas caminhadas, mas que tinha a inscrição no Leiria Run paga e que tinha gosto em que eu fosse correr com o dorsal dele.”

“Disse-lhe que não, que até lá ainda ia ficar bom e que íamos fazer a corrida juntos.” Infelizmente, José Martins não recuperou.

Este sábado, Luís Pereira regressou às corridas com a suprema honra de envergar o dorsal do tio. Sofreu, deu o que tinha e mostrou todo o apreço que sentia pelo tio Zé.

“Foi um sentimento muito forte correr com o nome dele estampado, sobretudo pela importância que sempre teve para o pessoal do atletismo.”

Fotos: ADAL

Comentários

  • Sandra Martins
    9 Maio, 2022 @ at 22:20

    Obrigada primo pela bonita homenagem e por correres com o meu pai ao peito.
    Foi uma sugestão em cima do joelho, mas tu não hesitaste um segundo quando te disse que tinha o dorsal para ires levantar.
    Como te disse: o meu pai fez essa prova no sábado, e tem feito muitas nos últimos tempos e continuará a fazer, na memória e no coração de todos nós.
    Obrigada a ti e a todos pelo carinho. Ele estará certamente sorridente e de coração cheio.

  • Helaine Corredoura
    11 Maio, 2022 @ at 04:28

    Que bela homenagem 💖

  • Helaine Corredoura
    11 Maio, 2022 @ at 04:30

    Que bela homenagem 💖 , seu coração se encheu de satisfação.

  • Francisco Soares
    12 Maio, 2022 @ at 21:07

    Uma homenagem bem merecida e muito emocionante.

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