“Boa! Boa!” Após um sprint renhido, Bruno Saraiva atirava a bicicleta para a frente e cortava a meta em primeiro lugar. “Eh pá! Foi um dos nossos, não foi?” Claro que foi. E não foi caso único, pois também Paulo Oliveira conquistou o título, mas noutro escalão etário.
Eram de todas as idades, os muitos cidadãos de A-do-Barbas presentes este domingo junto à linha de chegada. Felizes, não conseguiam esconder o orgulho por assistir não a um, mas a três títulos nacionais alcançados pelos homens da casa durante o fim de semana.
E só não foram quatro devido a um “infeliz incidente de corrida”, asseguram-nos.
Por um momento, a pequena aldeia da freguesia da Maceira fez-se gigante. Mostraram o que valem. Fizeram coisas, mostraram serviço e meteram a economia da região a mexer.
Como ela, de facto, não há, em bairrismo e em paixão.
Mas também é enorme neste mesmo ciclismo, não só em resultados, mas também na organização de eventos.
Não é por acaso, de resto, que a Federação Portuguesa de Ciclismo concedeu ao Centro Popular e Recreativo de A-do-Barbas a organização, pelo terceiro ano consecutivo, do Campeonato Nacional de Masters e Elites Amadoras, competição com “300 bicicletas”.
Prova de que o clube “sabe o que faz”.
Para poder levar a cabo esta “enorme” organização, o staff contou com 50 elementos, “todos voluntários”.
As coisas dificilmente poderiam correr melhor. “Que vem de fora elogia, só diz maravilhas, e os comissários idem, aspas.”
Presidente há oito anos e filho do sócio fundador número um, Pedro Costa acredita que o emblema rubro-negro é um honroso representante “do concelho, da freguesia e da localidade” quando se fala de duas rodas.
Foi com ele, de resto, que a modalidade chegou ao clube. Dedica-se à competição de veteranos e elites amadoras e neste curto período de tempo, já soma 32 títulos nacionais, não só em estrada, mas também em pista e BTT.
Este fim de semana foram três e não fosse um incidente de corrida e seriam quatro, garante o presidente.
André Filipe, de resto, que este fim-de-semana conquistou o título do contrarrelógio e foi segundo na prova de fundo, já foi vice-campeão mundial de cross country olímpico.
“Apesar da juventude da secção estamos na linha da frente”, atira Pedro Costa. A equipa domina a nível nacional, “ganha muitos grandes prémios e alguns circuitos”.
Mas ele tem uma mágoa que já não esconde. Não sonha com o profissionalismo, bem pelo contrário, o que ele quer é ver a rapaziada da região a pedalar cada vez mais.
“O que eu dava para poder desenvolver o ciclismo de formação”, atira o responsável, algo que há muito tenta, mas a verdade é que se tem debatido com a falta de quadros qualificados.
É que “sem formação não há atletas”. Contudo, precisa de encontrar elementos disponíveis para constituir um staff e tornar este sonho realidade.
Na verdade, na região apenas o Leiria e Marrazes se dedica ao ensino das duas rodas, mas na versão BTT.
Uma coisa é certa, garante. “Seria um sucesso. Viriam miúdos de todo o lado e a procura seria enorme.” Vamos a isso?
Fotos: FP Ciclismo