Passaram 26 anos, mas André Lopes não esquece, para o bem e para o mal. Tanto, que tem a foto afixada na parede do escritório.
Na altura era uma das maiores promessas do ténis. Chegou a ser finalista da competição de pares do Festival Olímpico da Juventude Europeia e, a jogar em casa, almejava conquistar um resultado de relevo numa das primeiras edições do Internacional Júnior de Leiria.
Tinha acabado de chegar à final de outra competição sub-18 no Porto e chegava aos campos do Azabucho, nos Pousos, com ganas de se vingar, mas as malditas cãibras impediram-no de ultrapassar a meia-final.
Acabou por ser eliminado precisamente pelo colega com quem venceu a competição de pares e que também ganharia a competição individual de 1996.
O então rapaz, agora homem, chama-se, nada mais, nada menos, do que Juan Carlos Ferrero (à esquerda na foto). Esse mesmo, o ágil e veloz “mosquito”, antigo número um mundial, vencedor do Grand Slam de Roland Garros em 2003 e de 16 torneios ATP.
É verdade: um dos grandes nomes da história do ténis mundial, atual treinador da maior estrela em ascensão, o também espanhol Calos Alcaraz, de 19 anos e quinto do ranking mundial, também espalhou magia nos campos de pó de tijolo do agora Racket Sports Club de Leiria cujo projeto é liderado por, precisamente, André Lopes (à direita na foto).
“Pois foi. Perdi com ele, desclassificado com cãibras, na meia-final. Tinha sido derrotado por ele na final do torneio do Porto e combinámos jogar a competição de pares juntos porque o treinador dele gostava muito de mim. Depois, calhei com ele nas meias-finais, o jogo demorou muito tempo porque nos conhecíamos bem. Perdi o primeiro set, ganhei o segundo e chegaram as cãibras. Fui piorando, passavam de uma perna para outra, até que o juiz me desclassificou. Não conseguia mais, não me conseguia pôr de pé.”
Mas Ferrero não foi o único número um que passou pelo Azabucho enquanto jovem. Também Jelena Jankovic, líder da tabela feminina em 2008, jogou naqueles courts.
Para André Lopes, que agora é líder da academia internacional do Racket Sports Club de Leiria, é uma honra ter estes nomes associados ao torneio cuja 27.ª edição se inicia esta quinta-feira, com a disputa da pré-qualificação.
A qualificação arranca na sexta-feira e o quadro principal na segunda-feira com a participação de “pelo menos dois jogadores de Leiria: Matilde Parreira e João Mineiro.
“É um torneio e uma cidade de que toda a gente gosta bastante e as pessoas querem sempre voltar. Já se encontra um nível tenístico muito interessante, encontram-se atletas que estão em ascensão e na rampa de lançamento. Os jogos são muito bem jogados.”
Este ano, a competição juntará 250 tenistas de três dezenas de países, inclusive da academia de Rafael Nadal no Kuwait.
“Mais treinadores e famílias mexe com 500 pessoas”, sublinha o responsável, satisfeito por perceber que a competição também dá um contributo à economia da região.