Quando passa por um semáforo ou uma qualquer estrutura na cidade, o cérebro agita-se. Começa a cogitar que acrobacia poderia fazer ali.
É a paixão suprema de Eva Kolobaeva Ferreira, que acaba de entrar na história do street workout português.
É que no passado fim de semana, em Samora Correia, a rapariga de Leiria tornou-se na primeira campeã nacional feminina desta modalidade.
A verdade é que ninguém merecia tanto quanto ela. Não só pelo show recheado de acrobacias e exercícios estáticos que é capaz de fazer, mas sobretudo pela dedicação que empresta a esta atividade. Quem lhe vê as mãos em carne viva percebe do que estamos a falar.
É uma paixão da qual tem dificuldade em fugir, até por questões geográficas. Todos os dias, mal sai de casa, dá de caras com o parque de street workout construído pelo Município de Leiria no jardim do Carpalho, no percurso Polis.
Ter a infraestrutura à porta é uma vantagem óbvia, mas se ela não quisesse tanto treinar, se não fosse tão entusiasmada, dificilmente conseguiria os resultados que obteve.
Foi ali, naquela atividade ao ar livre, com a música a sair da coluna e com uma série de amigos a puxar por ela que sente a vocação.
“Pratiquei patinagem artística, mas aos 14 anos comecei a fazer street workout com o meu irmão, adorei e aos 16 anos desisti da patinagem.”
De início não levou a coisa muito a sério. Até teve algumas paragens com problemas de saúde, mas depois do click não quis outra coisa.
Estes meninos do street workout levam o corpo a fazer coisas muito para lá dos limites imaginados pelo comum dos mortais. Falamos de bandeiras humanas, de pinos, de pranchas, mas também outros mais dinâmicos, como piruetas. O que Eva gosta mesmo de fazer são 360º.
No fundo, junta, num só movimento, força, flexibilidade e resistência física. Mas, para lá chegar, é preciso muito treino.
Ela está na flor da idade, os amigos vão para as noitadas, mas ela tem outras prioridades.
“Treino de manhã e de tarde, duas a três horas. Tenho de comer bem, descansar bem e não sair à noite. Exige muita disciplina”, explica a campeã nacional. Ela não se importa.
A participação no Campeonato Nacional aconteceu, mais do que pela procura do título, para “mostrar do que era capaz” e “chamar mais raparigas para a modalidade”.
A verdade é que saiu de lá com uma medalha, um título, e o direito a representar Portugal no Campeonato do Mundo da World Street Workout and Calisthenics Federation, marcado para a Letónia, já nos dias 20 e 21 de agosto.
O problema é que como não está associada a nenhum clube terá de fazê-lo a expensas próprias e suportar viagens de avião, alojamento e inscrição.
Como quer muito ir, com os outros dois apurados por Portugal criou uma plataforma de angariação de apoios. Quer ajudar? Pode fazê-lo aqui.