Centro Recreativo e Cultural Os Águias

Por mais improvável que possa parecer, na pequena localidade da Memória, no limite do concelho e do distrito de Leiria, o hóquei em patins é praticado de forma ininterrupta desde 2003.

A equipa de futebol tinha terminado em 2001 e quando dois dissidentes do Leiria e Marrazes propuseram a prática da modalidade no Centro Recreativo e Cultural Os Águias, a ideia foi "abraçada".

A então Junta de Freguesia apoiou com a compra de patins e pôs a escola primária a patinar. Os miúdos ficaram encantada e a secção ganhou força.

No entanto, depois da "primeira fornada", nunca mais houve um escalão completo. A escassez de crianças nesta localidade onde a emigração foi levando os mais novos, acabou por impedir o trabalho continuado e hoje não há, de todo, equipas de formação.

É essa, de resto, a grande preocupação do presidente da direção, Domingos Santos, líder há cinco anos.

"Todos os anos é uma luta. Não está fácil implementar escalões de formação, até porque há poucos miúdos, mas se não semearmos não haverá hipótese e o hóquei em patins vai acabar, mais ano, menos ano."

O objetivo é alargar os trabalhos de prospeção a toda a União das Freguesias de Colmeias e Memória, já que o clube agora utiliza o Pavilhão Desportivo Municipal de Colmeias, "com melhores condições" do que o pavilhão da Memória, mais antigo e que resultou de uma "adaptação".

Resta o plantel sénior, formado pela primeira vez em 2016/17 e que continua ativo, mas também não tem sido fácil ir a jogo.

No CRC Os Águias é, mesmo, "um ano de cada vez", sublinha o responsável. Na temporada passada, a equipa esteve perto de subir à 2.ª Divisão, mas este ano até teve dificuldades em construir o plantel.

"É muito curto, apenas um jogador não é da aldeia, ainda por cima fomos inseridos numa série com equipas de muito longe, acima do Porto, mas vamos a jogo", atira o responsável.

O projeto tem debilidades, há uma grande dificuldade de crescimento, mas os atletas formados n' Os Águias apresentam características bem vincadas: “amor à camisola, espírito guerreiro ímpar e uma enorme camaradagem”.

"Não queremos perder um grupo de atletas que se identifica com o clube e com os quais o clube se identifica. Ainda por cima, criaria um vazio enorme na terra.”

A grande preocupação que tinha está, ainda assim, concretizada. A equipa de hóquei em patins vai continuar. "Até quando? Enquanto foi possível. E se não fosse o apoio da Câmara Municipal de Leiria já tinha fechado há muito."

(7/9/2022)