Quando falou conosco, André Santos tinha acabado de partilhar o elevador com Rafael Nadal. Os dias no Australian Open, competição que começou esta segunda-feira, são assim, rodeado por uma constelação das maiores estrelas no ténis mundial.
E no meio da “elite mundial” está o fisioterapeuta de Leiria, que esta terça-feira, já a noite ia longa nos antípodas, acompanhou João Sousa no desafio, entretanto suspenso, com o espanhol Roberto Bautista Agut. Amanhã, quarta-feira, o jogador de Guimarães voltará ao court, desta vez acompanhado por Francisco Cabral, para jogar um encontro de pares, e André Santos vai ajudá-los a estar a 100%.
Esta presença em Melbourne é já a terceira num grand slam, apesar de estar há pouco mais de um ano a trabalhar para a Federação Portuguesa de Ténis. O fisioterapeuta, de 24 anos, também já teve oportunidade de acompanhar os melhores jogadores portugueses a Roland Garros e a Wimbledon, além das sempre emocionantes eliminatórias da Taça Davis.
“Andamos a viajar de um lado para o outro. É incrível”, explica o rapaz do Casalito, freguesia de Amor, que antes de assinar pela FPT já tinha tido experiências enquanto fisioterapeuta no ténis e no futebol.
Após ter acompanhado dois torneios Challenger, em Braga e na Maia, ao serviço da “referência” Rui Faria, cuja clínica de Leiria tem um protocolo com a Federação Portuguesa de Ténis (FPT), acabou por ver reconhecido o profissionalismo em finais de 2021. “A FPT estava a precisar de um fisioterapeuta, os atletas deram um bom feedback e convidaram-me.”
Atualmente, passa os seus dias no Centro de Alto Rendimento (CAR) de Ténis, no Jamor, onde tem a responsabilidade de tratar e recuperar uma dezena de tenistas talentosos, de diferentes idades, mas está também, como agora, nos grandes jogos com os melhores portugueses, como João Sousa, Gastão Elias, Pedro Sousa, Nuno Borges ou Frederico Silva.
“O nível de exigência é grande. São atletas com uma grande experiência a trabalhar com fisioterapeutas e se começam a desconfiar do nosso trabalho é muito mau”, sublinha André Santos.
Além de trabalhar os nível da “prevenção da lesão”, que no ténis acontecem muito por “sobrecarga” e especialmente no braço dominante, no cotovelo, no punho e no joelho, tenta contribuir o mais possível para o trabalho interdisciplinar da equipa profissional de “excelência” composta por treinador, psicólogo, preparador físico e nutricionista.
Nestas competições, que são verdadeiras maratonas, também tem de deixar os tenistas preparados para o desafio seguinte. “Temos de recuperá-los o melhor possível porque amanhã voltam a ter jogo. Sou o primeiro a dizer: comer bem, hidratar bem e dormir bem. Isso é que vai fazer a diferença.”