A derrota de Novak Djokovic com um fisioterapeuta de Leiria na equação

A qualidade das pessoas de Leiria ligadas ao desporto é indiscutível e vai muito para lá de atletas e treinadores. Também na fisioterapia temos vários nomes incontornáveis no panorama nacional e disso é exemplo Rui Faria, que por estes dias está no Emirados Árabes Unidos a acompanhar o tenista checo Jiri Vesely, que participa no ATP 500 do Dubai.

E dificilmente as coisas poderiam estar a correr melhor, pois já eliminou Marin Cilic e Bautista Agut, respetivamente 24.º e 15.º do ranking mundial, e na tarde desta quinta-feira deixou para trás Novak Djokovic, esse mesmo, que com a derrota vai abandonar o número 1 mundial, superado por Daniil Medvedev.

Para Rui Faria, assistir ao triunfo no court foi “muito emocionante, uma experiência espetacular”, mas rejeita que tenha sido uma surpresa absoluta.

“Já sabíamos que a vitória era uma possibilidade, tendo em conta a qualidade do Jiri e a semana que tem tido. Ainda por cima, estes são os jogos de que gosta, com adversários teoricamente mais difíceis e onde tem menos pressão para vencer”, sublinhou o fisioterapeuta de Leiria.

 

“Tive um sorteio muito difícil e derrotei três jogadores incríveis. Nunca pensei que chegaria tão longe. Estou muito, muito feliz com isso, especialmente depois dos últimos 12 meses. Tem sido uma grande luta e estava a perder um pouco a fé”, admitiu, após a vitória, o canhoto checo, que vai regressar aos 100 primeiros da hierarquia com os pontos que já conquistou.

A ligação entre ambos, essa, está cada vez mais forte. Rui Faria conheceu o tenista checo em maio do ano passado, no Challenger 125 de Oeiras, prova da Federação Portuguesa de Ténis onde era o responsável pelo acompanhamento de fisioterapia.

Na competição, o atleta precisou de ser avaliado e logo se criou uma relação de confiança. “Veio a Portugal numa perspectiva de voltar a ganhar forma depois de um contexto de covid-19 complicado, com algumas perdas a nível físico. Vinha com muitas queixas e acabou por precisar dos meus cuidados”, explica o fisioterapeuta.

“Apesar de o torneio não lhe ter corrido como desejava”, ficou “satisfeito” com a forma como foi apoiado. “Até que, passadas umas duas semanas, convidou-me a integrar a equipa e a viajar com ele algumas semanas.”

A decisão não foi difícil de tomar, até porque o canhoto, de 28 anos, não é um qualquer. Liderou o hierarquia mundial de juniores, já foi o número 35 do ranking ATP e venceu dois torneios do ATP Tour.

“Temos feito algum trabalho de skills de movimentos que lhe permite tirar maior rendimento do seu corpo, prepara-o para a competição e afasta-o de uma lesão”, explicou Rui Faria.

No ténis, contudo, não há tempo para festejar. O torneio no Dubai ainda não acabou e Vesely tentará continuar o percurso de sonho quando enfrentar nas meias-finais Denis Shapovalov, número 14 do ranking mundial. O encontro está marcado para a tarde desta sexta-feira.

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