Alguns amigos, companheiros das corridas, apelidam-no de “Google Maps dos trilhos” e Zé Agostinho não rejeita a alcunha. “Aqui na zona, num raio de 20 ou 30 quilómetros, podem deixar-me no meio da serra que não me perco de certeza absoluta. Sou aventureiro e se há um caminho que não conheço é por aí que me meto.”
Como ele não há igual e por isso o pessoal adora acompanhá-lo por esses caminhos da região. Sobretudo na Curvachia, da qual é uma “espécie de guardião” e onde raros são os que encontram facilmente a saída da mata encantada, menos ele. “Quando lá vão, as pessoas têm a tendência a perder-se. E eu consigo saber os caminhos, mais curtos e mais compridos, mais fáceis e mais difíceis, com mais lama e com menos lama.”
Agora que está reformado, todos os dias, literalmente, de preferência ao fim da tarde e de frontal na cabeça, lá vai ele dar mais uma voltinha, de três ou quatro horas. Desde que “seja possível”, passa sempre pela sua Curvachia, à beira de sua casa, no Vidigal, seguindo umas vezes até à Maunça, outras à Caranguejeira e ao Vale do Lapedo, ao Reguengo do Fétal, à Mourã ou à Azoia.
“Adoro andar por aí, sozinho a explorar caminhos. Gosto de andar de dia, porque é bonito, gosto de andar de noite porque é diferente”, atira Zé Agostinho, que aos domingos faz de 25 a 30 km, de preferência sozinho. “Vamos no nosso passo. Não incomodamos ninguém nem somos incomodados por ninguém. Mas há sempre um colega que quer ir, mas não pode ser muita gente, porque nem toda a gente tem capacidade de fazer três ou quatro horas de corrida ou caminhada.”
As quartas-feiras, essas, são sagradas e de socialização. A participação nas Brisas do Lis Night Run é um hábito de que não abdica. Vai de casa até às Brisas, faz as Brisas, e regressa das Brisas sempre a correr. “Ainda me sinto bem encontrando velhos amigos e como fui dos primeiros acaba por ser uma tradição.”
Ali, tal como nos treinos que os Amigos da Corrida organizam às segundas e às sextas, gosta de ajudar os mais inexperientes. “Nesses grupos andam sempre muitas pessoas que têm medo de dar o passo em frente. Nem andam para trás nem para a frente. Vamos incentivando para treinar mais e conseguirem chegar mais longe. As pessoas vão gostando e depois acompanham-nos às corridas.”
Mas são os dias em que anda só pelos trilhos que lhe dão uma melhor consciência de si. “Às vezes, quando vou a correr, percebo que não estou a pensar em nada. Estou apenas a ouvir os passarinhos, os meus passos e o meu respirar. Há quem goste de ir a ouvir música, mês eu nem telemóvel levo, o que é uma coisa má, mas não arrisco em sítios perigosos.”
De Inverno, contudo, gosta muito de andar no mato para “ouvir o barulho do vento nas árvores”. “Costumo dizer aos meus netos que as árvores falam comigo. Eles admiram-se! Mas como? Um dia levei-os a ouvir. No Inverno, os eucaliptos, com o vento, encostam-se e, ao roçar um no outro, acabam por chiar. E eu digo que são as árvores a falar comigo.”
E o que lhe dizem, Zé Agostinho? Bom, isso já é segredo!
Rodolfo Deyllot
3 Fevereiro, 2023 @ at 23:31O José Agostinho é para mim uma das maiores referências, um orgulho ser seu amigo
Jorge
8 Fevereiro, 2023 @ at 23:47Grande companheiro das corridas… excelente ser humano!
Sérgio Antunes
9 Fevereiro, 2023 @ at 08:10O Zé Agostinho é um catedrático das corridas. Sempre pronto a ajudar, e conhecedor dos trilhos e das técnicas como ninguém. Mas apesar de todo este conhecimento e experiência, é das pessoas mais humildes e discretas que conheço. Um verdadeiro exemplo! Tenho aprendido muito com ele! Obrigado amigo Zé!
Rui Luís
13 Janeiro, 2024 @ at 16:23Já tive o privilégio de treinar muitas vezes com esta lenda do trail, um exemplo para muita gente. Que tenhas ainda muitos anos de vida, junto a nós, por esses trilhos fora.
Luís Belo
13 Janeiro, 2024 @ at 20:25O Zé, é o espírito do trail….correr, motivar, desfrutar e depois socializar…ABC
Leonel
14 Janeiro, 2024 @ at 19:56É na verdade um prazer partilhar estes momentos de corrida e convívio com o Zé Agostinho não só pelos trilhos espetaculares que conhece e nos dá a conhecer mas principalmente pela pessoa humilde e sempre disponível para ajudar. Espero que continue por muitos anos com saúde e boa disposição.
Leonel
14 Janeiro, 2024 @ at 19:57É na verdade um prazer partilhar estes momentos de corrida e convívio com o Zé Agostinho. Espero que continue por muitos anos com saúde e boa disposição.