Tem 69 anos e é o jogador mais velho, dos campeonatos nacionais de andebol e de basquetebol em cadeira de rodas.
Muito mais importante, é, também, um autêntico pai, irmão, amigo e conselheiro dos atletas das equipas de ambas as modalidades da delegação de Leiria da Associação Portuguesa de Deficientes (APD Leiria).
Paraplégico há 50 anos, consequência de um acidente de automóvel, Manuel Sousa admite que depois do choque “brutal” e das “lutas interiores”, foi o desporto que lhe salvou a vida.
“Estava metido no álcool e nas drogas, e encontrei um novo objetivo.” Conseguiu levantar-se. Foi o primeira paraplégico a saltar de para-quedas, algo que continua a fazer, dedicou-se ao atletismo e cumpriu dezenas de maratonas em cadeira de rodas. No basquetebol, aos 53 anos ainda era chamado à seleção nacional.
Quer que o seu exemplo sirva para todos estes atletas, mais novos, e faz tudo para conseguir tirar do fundo do poço todos aqueles que passam por situações análogas.
O que o move é a “integração social daqueles que têm uma infelicidade”. Surgem os “complexos”, a “depressão” e “muitos trancam-se em casa”.
“Há pessoas que estão preparadas para aceitar o infortúnio e outras não. E as que não estão correm o risco de cair em algo que não interessa, como eu caí. Temos tido sucesso, conseguimos incutir nas pessoas que podem ser felizes.”
Por estes dias, tem mais dois miúdos para orientar na APD Leiria, causa a que se dedica a tempo inteiro, dentro e foram de campo, há muitos, muitos anos. São os próprios médicos que o indicam para ajudar nestes tempos de adaptação a uma nova realidade.
Um tem 20 anos, o outro tem 21, ambos ficaram paraplégicos como resultado de acidentes de moto.
Os primeiros momentos não são fáceis, mas ele não. “Há pessoas que não gostam de expor a deficiência. Mas vou ao balneário e mostro a ‘artilharia pesada’, as próteses e as muletas de todos os outros atletas. Passado pouco tempo estão integrados. Percebem que não estão sós e que é preciso olhar em frente, sem complexos.”
Integrados numa equipa de campeões surgem mais campeões, porque estas equipas de Leiria, que usam o Pavilhão do Lis como casa, são extremamente competitivas.
Só para ter um exemplo, no basquetebol em cadeira de rodas, Manuel Sousa já conquistou três campeonatos nacionais, duas Taças de Portugal e duas Supertaças.
No andebol, o currículo ainda é mais impressionante, com nove campeonatos nacionais, sete Taças de Portugal e quatro Supertaças.
Para Manuel Sousa, não há limites na hora de ajudar. Sempre disponível para participar em ações pedagógicas, chega ao ponto de adaptar e consertar cadeiras de rodas para os atletas de desporto adaptado, apenas e só pelo prazer de facilitar a vida ao próximo.
“Sim, estamos cá por isso mesmo. A vida continua e vale a pena lutar por ela.”
Humberto Gameiro
31 Agosto, 2022 @ at 21:04O Sr. Manuel Sousa é um enorme exemplo de responsabilidade social. Com muito pouco consegue enormes proezas.
A equipa da APD Leiria é uma referência a nível nacional e o seu espírito é de muita competitividade e não têm qualquer limitação quando estão em campo. São muito solidários e acima de tudo uma família.
Muito Obrigado Sr. Manuel Sousa pelas suas ações!
Um grande abraço.