João Jerónimo acordou e percebeu que a realidade era melhor do que o sonho

As horas de sono foram poucas ou nenhumas. Após a conquista, este domingo, do Campeonato do Mundo e da Europa de Andebol em Cadeira de Rodas por Portugal, pouco tem sido o descanso do guerreiro João Jerónimo. A adrenalina também ainda está nos píncaros e as imagens de três dias perfeitos ainda estão bem vivas na sua mente, sobretudo aquele inolvidável momento em que ergueu as duas taças que acabara de conquistar, em perfeita apoteose.

Quando ligámos ao capitão da seleção nacional, admitiu de imediato que ainda nem teve tempo de olhar com atenção para as próprias redes sociais. São centenas de mensagens e de partilhas às quais espera ainda responder, mas as solicitações dos órgãos de comunicação social não têm parado.

João Jerónimo está a “realizar um sonho”. “Quem me conhece sabe que um dos meus objetivos desde miúdo era representar a seleção. Não o consegui no andebol formal, mas essa foi uma meta que delineei logo que voltei a praticar e que concretizei no andebol em cadeira de rodas.”

Mas ele queria mais e este domingo acabou por cumprir, “de uma só vez”, mais dois dos objetivos que quer, realmente, cumprir: “ser campeão europeu e mundial”.

Falta um, mais difícil, mas que passa por representar Portugal nos Jogos Paralímpicos. Algo que não depende tanto de si, mas de uma conjuntura favorável que possibilite a chegada desta modalidade ao mais importante evento de desporto adaptado do planeta.

Focado e esforçado, sabe o que quer e age em função disso. A sua metamorfose física nos últimos anos tem sido impressionante, sempre à procura de uma perfeição que não vai atingir.

“Tenho tentado fazer as coisas bem e conto com o devido acompanhamento de quem me ajuda a melhorar e a aparar as quedas, que também existem, seja no clube, na seleção, no dia a dia ou na família”, conta João Jerónimo, satisfeito elo facto de esta prova ter ajudado a dar visibilidade e a consciencializar as pessoas do real valor do desporto adaptado.

“Tive colegas que nunca tinham ido ver um jogo meu e ficaram completamente surpreendidos como o desporto adaptado consegue ser tão vibrante e competitivo”, explica o embaixador de Leiria, Cidade Europeia do Desporto, orgulhoso e agradecido pela forma como a região soube acolher de braços abertos esta importante competição.

“Não me lembro, e já tenho quase 34 anos, de ver Leiria a festejar como festejou esta conquista. Ainda por cima, é a minha cidade, onde sempre vivi, o que me faz deixar ainda mais orgulhoso de ser leiriense.”

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