Fez este março 75 anos que o Ateneu Desportivo de Leiria foi fundado. Teve como primeiro presidente Vasco da Gama Fernandes, curiosamente, quase 30 anos depois, foi também o primeiro presidente da Assembleia da República.
É resultado da fusão do Ginásio Clube de Leiria, do Gimnásio Sportivo do Liz e da Assembleia Leiriense, agremiação da qual Eça de Queiroz foi sócio enquanto residiu na cidade, em 1870 e 1871, período curto, mas que o inspirou a escrever O Crime do Padre Amaro.
Corria o ano de 1947 e, terminada a Segunda Grande Guerra, havia forte vontade de “vitalizar” os movimentos culturais e desportivos, conta António Brusco, atual presidente do clube.
No futebol, o Ateneu chegou a militar três vezes na 3.ª Divisão, sempre nos anos de 1950, até que em 1963, três anos antes de ser fundada a União Desportiva de Leiria, abandonou de vez essa prática, porque lhe “dava cabo das finanças”.
Hóquei em patins, basquetebol, caça, pesca e ginástica – é membro fundador da Federação de Ginástica de Portugal - foram outras das muitas modalidades praticadas, até que nos “últimos 30 anos” surgiu a modalidade a que ainda se dedica: a ginástica de trampolins.
Entretanto também na cultura foi tendo um papel relevante na cidade, com um grupo de teatro, aulas de música e pintura.
Os bailes do Ateneu chegaram a ter um relevo enorme na cidade, mas a “saída forçada” do palacete da Praça Rodrigues Lobo em 2013, acabou por inviabilizar estas iniciativas. Hoje, restam dois grupos corais.
Mas voltemos à ginástica de trampolins. Hoje, tem cerca de 120 ginastas, dos 3 aos 19 anos, que treinam nas instalações do pavilhão dos Silvas, na Cruz da Areia, orientados por quatro treinadores, todos com mais de década e meia dedicada ao clube.
“É uma modalidade sui generis, porque com piruetas, mortais ou triplos encarpados exige muita segurança e muita técnica, pelo que tem um período de aprendizagem muito longo”, diz Celso Carreira, vice-presidente desportivo.
O desenvolvimento, garante o responsável, “não se vê a olho nu” e “requer muitas horas de treino”, mas a qualidade existe e há vários anos que, de forma consecutiva consegue títulos nacionais e levar ginastas ao Campeonato do Mundo por Grupos de Idade. No ano passado foram Guilherme Gomes e Carolina Fatela.
Ainda assim, a grande prioridade do Ateneu é a formação desportiva, social e pessoal dos mais novos. No fundo, ser “uma âncora para os mais novos”. “Criam-se laços muito fortes entre eles. São os amigos que ficam para a vida.”
Pavilhão das Silvas