Fundado no mês seguinte ao 25 de abril de 1974, o Centro de Convívio e Recreio do Telheiro tem vindo a ganhar peso na dinâmica desportiva de Leiria, Cidade Europeia do Desporto.
O clube “teve folclore, teatro, futebol e jogava-se à batota”. Segundo os relatos de quem viveu os primeiros anos, também “havia porrada e muita gente a descer as escadas da sede original muito depressa”, mas a “boa disposição nunca faltou”.
Depois de um período em que imperou a estagnação, sobretudo nos idos da emigração, e já com o pavilhão próprio erigido nos primeiros anos do novo milénio, hoje a realidade é outra, mais pujante.
Atualmente, o clube divide-se em duas modalidades. “Havia uma secção de patinagem e outra de futsal, mas para criar uma mística própria e evitar que cada um puxe para o seu lado juntou-se tudo numa só”, sublinha Pedro Bernardo, presidente do CCRT desde 2020.
O futsal tem 110 atletas, de todos os escalões, e na temporada que agora acaba teve equipa sénior pela primeira vez, pois “não fazia sentido não dar continuidade” ao trabalho feito na formação.
Novidade é também o facto de terem tido um jogador internacional por Portugal, Andriy Dzyalochynskyy, nos sub-17.
É o fruto de uma geração “cheia de talento”, ali formada desde os benjamins e que viabiliza um futuro pródigo.
Os responsáveis do clube do Telheiro “não esquecem” que “muito devem” às anteriores direções pela última década desse trabalho de base.
Para Hélder Silva, treinador dos seniores e dos traquinas, o objetivo “é continuar a apostar na formação de forma a sustentar os seniores” e permanecer no top do futsal distrital, sempre de olho nas competições nacionais.
No entanto, muito mais importante do que viver para resultados, defende o papel social do emblema. “O objetivo é criar homens com valores e isso tem acontecido”, sublinha Pedro Bernardo.
“Não olhamos ao atleta de futsal, olhamos à pessoa. O que posso fazer por ele? Como posso ajudá-lo? Estamos aqui para formar homens. Temos de ajudar a sociedade, porque ela está carente”, completa Hélder Silva.
O clube tem de oferecer mais do que a simples prática desportiva. Tem, também, uma crescente envolvência social na comunidade e, em situações mais sensíveis, a disponibilidade para ajudar é ilimitada.
“Estamos atentos ao nossos atleta e respetivas famílias”, dia Roberto Santos, coordenador da mini-academia.
Telheiro é Leiria
Criou-se uma “dinâmica”. “Desde o sénior ao traquina, tem de se cumprimentar toda a gente. De início houve estranheza, mas hoje é normal”; explica Hélder Silva.
“Hoje, quando há um jogo, temos o pavilhão cheio. Os seniores apoiam os traquinas e os traquinas dizem aos pais que querem ir ver os jogos dos mais velhos.”
Ora, esta ligação existe cada vez mais com a patinagem, “o segundo clube com mais atletas do distrito”, com 66, explica Andreia Leite, coordenadora da modalidade que teve em Simão Carlos um atleta pré-selecionado para o Mundial.
“O objetivo é criar este elã. É bom que já haja gente do futsal a ver a patinagem e vice-versa. Está a criar-se uma mística”, nota a responsável.
A 1.ª Gala do CCRT, que contou com 270 convidados, serviu para reconhecer atletas, treinadores, pais, patrocinadores e as pessoas invisíveis que fazem as coisas acontecer. Foi também a certeza de que nos damos todos bem e que aquilo que pregamos é congruente”, assegura Pedro Bernardo.
É um clube em crescimento, ainda por cima com uma “localização que é um privilégio”. “Não há mais nenhum clube de futsal na cidade”, atira o vice-presidente João Reis.
O pavilhão começa, por isso, a ser escasso para tantos atletas. O alargamento está, pois, previsto pelos responsáveis.
(14/06/2022)
Pavilhão do CCR Telheiro