É hoje reconhecido muito por ser o organizador das Brisas do Lis Night Run, evento que na última década pôs a cidade literalmente a mexer.
Mas o nome - Núcleo de Espeleologia de Leiria (NEL) - tem muito pouco que ver com essa atividade.
Reflete, antes, as origens do clube, fundado em 1981 por um grupo de amigos que queria, acima de tudo trocar partilhar conhecimentos e fazer atividades como a escalada e, lá está, a espeleologia.
“O intuito sempre foi partilhar paixões”, sublinha Luís Subtil, elemento fundador e atual presidente.
Num clube democrático, as tais partilhas foram levando à criação de novas secções, a começar no Pénoburaco (espeleologia), passando pelo Pénacascata (canyoning), pelo Pédencaixe (BTT), pelo Pédemolho (mergulho), pelo Pédegato (escalada) e acabando no Pédevento (carro à vela) e, claro está, o Pédatleta, que é o responsável pelas Brisas do Lis.
No NEL, a atividade física é vista como “catalisador de felicidade”. O desporto, entendem, “não é egoísta nem solitário” e tem de ser partilhado “com um amigo”.
Tem sido sempre assim ao longo destas quatro décadas de existência. “Valorizamos o facto de os atletas, antes de serem atletas, serem pessoas.”
Mas há outros dos pilares que são absolutamente inegociáveis. “Sem serem “fundamentalistas”, querem “defender o património ambiental” em equilíbrio com o “progresso” social.
Também têm bem vincada a necessidade de ser ativos no âmbito da “responsabilidade social”.
“Queremos acolher qualquer pessoa que queira praticar uma das nossas atividades, mas para isso temos de ter condições para tal”, explica Luís Subtil.
Daí nasceram as joelettes, uma espécie de cadeira que transporta durante as provas pessoas sem capacidade de locomoção, e que levam para todo o lado.
“Para nós, inclusão não é ter uma atividade paralela para os ditos coitadinhos. É levá-los a fazer exatamente o que fazemos.”
É precisamente aqui que entra o Pédatleta, que “respeita quem leva a performance ao limite”, mas esse está longe de ser o registo pretendido. O que quer é diversão e convívio. O resultado? Logo se vê.
“Íamos às provas e a hipótese de ter alguém no pódio era próxima de zero. Era para nós muito mais satisfatório ter alguém a estrear-se.”
Até que a 3 de abril de 2013 largaram um bomba em Leiria denominada Brisas do Lis Night Run.
Inspirados nuns treinos rijos que aconteciam em Santarém, decidiram fazer algo parecido mas mais leve, para quem quisesse correr ou caminhar, em registo rápido ou de forma mais lenta, de forma gratuita e sem necessidade de inscrição.
Rapidamente as noites de quarta-feira se tornaram muito mais do que um momento de atividade física e houve edições com três mil pessoas. No total, mais de 162 mil participantes passaram pela iniciativa ao longo destes nove anos.
“A adoção da prática desportiva por milhares de pessoas é a nossa maior vitória”, diz Luís Subtil, para quem o segredo do sucesso nunca esteve no exercício, mas “no convívio”.
E hoje, as Brisas do Lis “são uma marca de Leiria”. Mais importante, uma marca de confiança.
“A cidade pode contar connosco enquanto houver alguém que queira caminhar ou correr.”
Sede do NEL