Guel do It imortalizou o Campeão de Inverno nas paredes de Leiria

Miguel Mazeda, de nome artístico Guel do It, pinta murais desde os 15 anos, mas aquele que lhe deixou uma verdadeira marca emocional foi o último. Finalizou-o há dias, no Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães, e homenageia Neno, a lenda do futebol vitoriano que faleceu recentemente.

“Vieram ter pessoas comigo, sensibilizadas, a chorar. Houve uma carga emocional grande”, conta o artista, também ele adepto do Vitória de Guimarães, apesar de ser de Gaia.

De lá partiu rapidamente para Leiria, onde tem um trabalho para concluir. Esteticamente não consegue escolher um filho pródigo, mas sente este trabalho na cidade como algo “forte”, até pelo significado e forma de construção.

Meteu, pois, mãos-à-obra na segunda parte do tríptico alusivo à final four da Allianz Cup, localizado na Rua Dom Álvaro Abranches Noronha, a caminho do Leiria Shopping.

No ano passado, o frio, a chuva e “uma parede que não é propriamente fácil de trabalhar” fizeram com que sentisse o projeto como especial. Concluiu a parte central do tríptico e para este ano tem o desafio de, até sexta-feira, véspera da grande final da competição, terminar a segunda fase.

A terceira ficará para o ano, já que a cidade será novamente visitada pelo evento.

O frio tem novamente apertado, ou não fosse a obra de arte uma homenagem ao Campeão de Inverno. Por isso, bem agasalhado, entre camisolas e gorros, continua a labuta entre muitas latas de tinta, criando associações entre a obra de 2021 e a de 2022.

“No ano passado, quis representar a chegada da final four a Leiria. Este ano, peguei na identidade que a Liga deu à bola nova e também ao facto de Leiria ser a Cidade Europeia do Desporto. Por isso, vamos ter uma série de modalidades representadas.”

Inspiração na auto-estrada

A paixão pelos rabiscos de Guel do It, hoje com 26 anos, vem de tenra idade. Fazia muitas viagens de carro com os pais e “ficava encantado com o que via nas auto-estradas, em locais inacessíveis”. Gostava de ver malta a fazer graffiti à beira da ponte da Arrábida, no Porto, e eu ia desenhando nos cadernos coisas semelhantes.”

Aos 15 anos, quando se está a “descobrir o mundo”, Miguel tinha um grupo de amigos que pertencia à cultura hip-hop, que o incentivou a comprar umas latas e a passar os desenhos que fazia para as paredes. “Aprendi a desenhar, que era uma nódoa, e fui seguindo. Até hoje, nunca mais parei.”
O futebol é um meio onde tem muito trabalho.

Tem mais de 20 só no Estádio D. Afonso Henriques, resultado de uma remodelação ocorrida em 2019. Tem de ser especial. No fundo, é a cidade onde sempre passava as férias do Verão, em casa de familiares, e não conseguiu resistir aos encanto vitoriano.

“Era na altura da pré-época e ia assistir a muitos jogos. Comprava as revistas todas e criei uma ligação forte que não tinha com mais nenhum clube. É uma paixão que, mais tarde, acabou por meter o trabalho ao barulho.”

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