Há cada vez mais meninas a aprender a jogar hóquei em patins no Leiria e Marrazes

No pavilhão dos Marrazes é dia de treino de hóquei em patins para os mais pequenos. Encantados, os miúdos patinam, caem, aprendem a manusear o stick e brincam muito, até porque estão na idade disso. O grupo não para de crescer. E curiosamente, entre muitos rapazes, também há cada vez mais meninas. Já passa de uma dezena a querer jogar a modalidade do Leiria e Marrazes.

É algo absolutamente inaudito, diz-nos Simão Clemente, o responsável pela equipa. Nunca houve hóquei em patins feminino em Leiria e as miúdas que apareciam surgiam em contextos dominados por rapazes, equipavam-se sozinhas, estavam isoladas e rapidamente desapareciam.

Mas agora não é assim. As quatro Marias, a Mariana, a Matilde, a Julieta, a Alice, a Carolina e a Sofia têm entre dois e 11 anos e estão encantadas com a modalidade. “Olhámos para as meninas que nos surgiam no pavilhão, atreladas aos irmãos, aos primos ou aos amigos e desafiámo-las a experimentar. Aparentemente, gostaram”, explica Simão Clemente.

“Para não haver dúvidas, chegámos a dizer a algumas meninas que apareceram aqui que havia um clube que neste mesmo espaço que tinha patinagem artística. Felizmente, disseram que queriam era jogar hóquei em patins.” Estão agora no processo de adaptação. Começam por aprender a base da patinagem e logo que estejam aptas entram em campo para jogar.

E que divertido tem sido! “Elas empurram, caem e batem como eles”, diz o treinador. Nestas idades, de bambis, benjamins e escolares, as equipas são mistas, mas o objetivo do Leiria e Marrazes é, se a demanda continuar em alta, ter nos escalões seguintes equipas exclusivamente femininas a disputarem as próprias competições.

Seria um epílogo perfeito para esta surpreendente história de amor. Esta primeira vida do hóquei em patins feminino na região – excetuando o caso de estudo que há anos ocorre em Turquel – estende-se a diversos outros emblemas e acaba por ser, entende o treinador, mais uma consequência da “mudança de mentalidades” que nos últimos anos começou no futebol e que tem abraçado as outras modalidades.

Porque “todos querem encontrar o seu lugar”. “As miúdas que jogam no Leiria e Marrazes é porque querem mesmo fazer isso. Os treinos são à base de brincadeira e sentem-se cativadas, o que nesta fase é muito importante. Elas, como eles, têm de se apaixonar por este jogo e é o que está a acontecer. É inédito, mas sabe muito bem. Nunca pensei que pudéssemos ter tantas meninas”, admite Simão Clemente.

O bichinho, seja lá o que isso for, já as conquistou e elas já vibram a sério com os feitos. “Festejam os golos como ninguém, querem muito jogar e até já têm os seus ídolos.”

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