O entusiasmo é tanto que já há miúdas à espera de vaga para jogar futebol na Academia CCMI

Fintam, passam e rematam com sorriso nos lábios e talento nas botas, felizes por estarem a fazer o que mais gostam, sem preconceitos nem tabus. É assim na Academia do Colégio Conciliar Maria Imaculada (CCMI), onde o número de meninas futebolistas não para de aumentar, a ponto de já haver lista de espera para entrar nas várias equipas do clube de Leiria.

Chegam de todo o lado. De Castanheira de Pera, de Avelar, de Pombal, da Guia, da Nazaré, de Alcobaça, das Caldas da Rainha. Há até uma menina de 16 anos que sempre jogou ténis e tem finalmente a oportunidade de fazer o que sempre sonhou. E é uma craque, garantem-nos.

No total, são cerca de 90, todas entre os 5 e os 16 anos, e “não dá para mais”, sublinha o presidente da direção, ciente que este número coloca o emblema da Cruz da Areia no “top 5” do futebol feminino nacional.

“Temos as equipas completamente cheias e muitas miúdas a aguardar por uma vaga. Temos padrões de qualidade dos quais não queremos abdicar”, explica Renato Cruz.

O crescimento tem sido exponencial e explica-se em parte pelo facto de as jovens preferirem jogar em equipas exclusivamente femininas do que em conjuntos mistos. “Calculávamos que fosse rápido, mas não tanto assim. Então se Portugal for apurado para o Mundial feminino, como todos esperamos, o boom pode ser ainda maior.”

Solução para este crescimento, admite o responsável, ainda não há. Os dois campos que a Academia CCMI tem ao seu dispor, no estabelecimento de ensino e no Soutocico, já não chegam para as encomendas.

“Estamos a pensar qual é o caminho a seguir para depois definirmos uma estratégia de médio prazo, pois entre rapazes e raparigas temos 358 atletas federados, todos dos escalões de formação e já somos o clube com mais inscritos na Associação de Futebol de Leiria”, enfatiza Renato Cruz.

Naturalmente, da quantidade surge qualidade, com as jogadoras a “dominarem” as convocatórias da seleção distrital.

Mas há mais: Matilde Neves e Francisca Alexandre já foram chamadas a representar a equipa das quinas, bem como Matilde Nave, que, entretanto, partiu para o Sporting. “E estão mais algumas na calha.”

Mais do que ganhar, as equipas da Academia CCMI querem evoluir. Até às sub-13, os grupos, exclusivamente femininos, jogam nas competições distritais dos rapazes, ainda que o façam extracampeonato. O objetivo é “ganharem ritmo de jogo frente a adversários fortes”, para “melhor prepararem” a Taça Nacional, que chega na segunda metade da temporada.

Já a equipa que participa no Campeonato Nacional de sub-19, que arrancou este mês, é composta pelas juvenis e iniciadas com mais ritmo.

Para a coordenadora do futebol feminino da Academia CCMI, Luciana Garcia, este sucesso deve-se, em grande medida “à promoção a nível nacional que tem existido”. O facto de as instalações estarem no centro da cidade também tem ajudado. O clube ter-se tornado numa “instituição de confiança” faz com que os pais confiem.

“Acabaram-se os tabus e há muito interesse e curiosidade. Depois, a amiga leva a amiga e assim temos crescido.”

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