“Já há poucas meninas em Santa Catarina da Serra que não joguem andebol”

Corria o ano de 2018 e André Micaelo era professor de atividades extracurriculares em Santa Catarina da Serra. O docente apidamente se apercebeu os serranos se tratavam de “miúdas grandes”, “gente aguerrida” e com vontade de praticar desporto, mas que havia uma grande falta de oferta.

Se os rapazes tinham “muito futebol”, as meninas nem por isso. Era, pois, o sítio perfeito para avançar com um projeto de andebol feminino. Assim, juntamente com Nuno Fernandes, com quem tinha conquistado títulos atrás de títulos no JAC Alcanena, decidiu contactar a União Desportiva da Serra e avançar com o projeto.

“Começámos pela base, com minis e bambis. Eram vinte e poucas. Há a tradição do pessoal da terra jogar pela União da Serra. Por isso, os pais ou os irmão já tinham passado pelo clube. É uma turma por ano”, sublinha Ângelo Correia, diretor do clube.

Passaram pouco mais de três anos e o clube já festeja as primeiras vitórias. Hoje em dia, “muita gente” os procura. “Já há poucas meninas de Santa Catarina da Serra que não joguem andebol”, atira André Micaelo, o coordenador.

Esta temporada, a equipa de iniciadas (sub-15) sagrou-se campeã regional, venceu a Taça da Associação de Andebol de Leiria e disputa a fase nacional da competição.

Tudo isto, tendo como adversárias equipas com uma muito maior tradição de ligação à modalidade, mas, mais importante, tendo de andar com a casa às costas.

É que o pavilhão existente na localidade não tem as condições mínimas, sobretudo ao nível das medidas, para acolher competições nacionais, pelo que tem de treinar noutros locais. Os jogos, esse, são na sua maioria disputados no Pavilhão Desportivo Municipal do Arrabal.

Para o diretor Ângelo Correia, a maior vitória é já ter quase 70 miúdas a praticar uma modalidade sem tradição em Santa Catarina da Serra, mas não esconde que estes triunfos são, acima de tudo, resultado de “muito trabalho” de todos: atletas, pais, treinadores e dirigentes. “Mesmo durante o Covid foi sempre a crescer”, completa o coordenador.

A questão do pavilhão é, entende Ângelo Correia, fundamental para o crescimento do andebol na União da Serra. O objetivo é avançar o mais depressa possível, desde que os financiamentos estejam assegurados.

“Como os treinos são dispersos, as mais novas não veem as mais velhas. Assim sendo, não se criam laços, nem surgem referências. É o maior custo que temos, porque os outros resolvemos com mais umas tasquinhas.”

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