Quando, aos 17 anos, João Santos ingressou no ensino superior, em Lisboa, a prática da natação, de que tanto gostava, chegou ao fim. Apesar de apresentar alguns resultados interessantes, como o facto de ter conquistado o torneio de nadador completo regional, o jovem de Leiria, muito “introvertido”, “nem sequer” tentou encontrar um clube na capital e a promissora carreira chegava ao fim. Por uns tempos…
Durante mais de duas décadas não fez qualquer tipo de atividade física. Além de ter uma vida sedentária e de estar a ganhar uns quilos a mais, também fumava. Um dia percebeu que não podia continuar assim. Tinha de deixar o vício e fazer qualquer coisa para se mexer. Nada melhor, pois, do que a modalidade que tinha abraçado enquanto jovem.
“Acreditava que podia ter uma vida mais saudável e que a natação podia ajudar. Comecei a nadar livremente, até ao dia, há coisa de dois anos, em que me cruzei nas piscinas com o técnico Pedro Silva, que me desafiou a entrar na equipa de veteranos.”
Aceitou e a vida de João Santos mudou completamente. Começou por treinar de forma consistente três vezes por semana. Os resultados rapidamente apareceram, chegando a subir ao pódio no Campeonato Nacional de Masters.
Desde outubro de 2022, o nadador do Clube Náutico de Leiria começou a treinar (ainda) com mais afinco. “Todos os dias” úteis, “às vezes seis vezes por semana”, indo também competir em provas de absolutos, onde vai ficando “a meio da tabela” apesar de já ter completado 41 primaveras.
No passado fim de semana, sentia-se, pois, preparado para uma boa prestação no Campeonato Nacional de Masters, que decorreu nas Caldas da Rainha. Uma boa prestação que haveria de ser culminada com a conquista de seis títulos nacionais da sua classe etária, nas mais variadas disciplinas: 50 e 100 metros livres, 50 e 100 metros mariposa, 100 e 200 metros estilos.
“Foi uma boa surpresa. Esforcei-me bastante nos treinos e inspirei-me nos mais novos, porque treinar com ele faz-me melhorar”, atira o pupilo de João Paulo Fróis, feliz por batido todos os seus tempos apesar de uma contratura nas costas de última hora.
É esse precisamente o objetivo de João Santos, “continuar a melhorar” e talvez piscar o olho ao recorde nacional dos 100 metros mariposa, que está a menos de um segundo. E, acima de tudo, aproveitar esta segunda juventude que vive dentro das piscinas. “Estou a fazer melhores tempos do que fazia quando tinha 17 anos.”
José Fonseca
1 Fevereiro, 2023 @ at 20:38Continua João. É um grande exemplo para os mais novos. Abraço