No próximo domingo, 16 de fevereiro, o Campo da Charneca, em Leiria, será o palco de um evento que marca o início da história do flag football na cidade. Organizado pela Federação Portuguesa de Futebol Americano (FPFA), os testes abertos terão lugar entre as 13 e as 16 horas, e serão uma oportunidade única para selecionar novos talentos para, quiçá, representar Portugal nos Jogos Olímpicos de 2028, em Los Angeles.
Vamos por partes. O flag football é uma variante do futebol americano, mas sem o contato físico habitual. Logo à primeira vista torna-se evidente a inexistência do capacete de proteção. Em vez de derrubar os jogadores ao solo, a principal missão é retirar uma fita (flag) presa à cintura do portador da bola para interromper a jogada. A modalidade tem vindo a crescer em popularidade em Portugal e no mundo, sendo cada vez mais reconhecida por sua dinâmica inclusiva e acessível.
Para o nosso André Rocha, este tryout não é apenas uma oportunidade de mostrar talento, mas também o ponto de partida para realizar um sonho que alimenta há anos: criar uma equipa de flag football na sua cidade. Natural de Leiria, André começou a sua ligação ao futebol americano com apenas 15 anos, num momento em que a modalidade era praticamente desconhecida. “A minha paixão começou com um jogo de computador de futebol americano. Fiquei fascinado, mas percebi rapidamente que, em Leiria, não havia oportunidade de praticar”, recorda.
À procura de crescer na modalidade, decidiu mudar-se para o Porto, onde estudou e esteve mais perto das equipas. “Fui para o Porto, para a ISMAI, mas não só para estudar. Queria jogar, treinar, crescer como jogador. Passei vários anos após os estudos a ir para o Porto de propósito só para treinar e jogar”, explica. Também jogou no Algarve.
Mas a logística tornou a continuidade impossível e viu-se obrigado a despedir-se da modalidade de que tanto gostava. “Até que o flag surgiu, foi crescendo. No ano passado, conheci o treinador do Torreense Defenders num treino da seleção, na Marinha Grande, e convenceu-me a juntar-me à equipa deles.”
Contudo, a história de André não se resume à sua dedicação ao desporto. O flag football tornou-se um ponto de viragem na sua vida, ajudando-o a superar uma fase difícil. “O desporto foi a minha salvação e o que me deu direção para voltar a acreditar em mim”, partilha André.
Hoje, o seu maior sonho é claro. “Leiria não tem equipa de flag football e isso precisa mudar. Quero dar aos jovens da nossa cidade a oportunidade de conhecerem a modalidade e de se envolverem, para que Leiria também tenha representação nesta modalidade”, afirma, com o entusiasmo.
Teste em Leiria é oportunidade para todos
Este teste, promovido pela FPFA, é uma excelente oportunidade para todos os jovens atletas que desejem experimentar o flag football, independentemente da sua experiência anterior. O evento vai focar-se não só na habilidade técnica, mas também no espírito de equipa, na paixão pelo desporto e, claro, na vontade de aprender.
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Em Portugal, várias equipas de flag football já estão a crescer, como os Hammers e Mutts do Porto, os Navigators e Rams de Lisboa, os Defenders de Torres Vedras, entre outros. A Federação Portuguesa de Futebol Americano tem vindo a apostar fortemente na modalidade, com o intuito de torná-la cada vez mais popular e competitiva a nível nacional e internacional.
Embora Leiria ainda não tenha uma equipa, a cidade tem um grande potencial para abraçar esta modalidade, e o trabalho de André é um exemplo claro disso. “O que queremos é formar uma comunidade de jogadores e de pessoas apaixonadas pela modalidade. O futuro começa aqui”, conclui.