Livro de professor de Leiria regulou primeiro Mundial de ultimate em cadeira de rodas

A bagagem que José Amoroso traz de Lignano Sabbiadoro é muito mais do que ter concretizado o objetivo de realizar, com as regras que idealizou, a primeira edição do Campeonato do Mundo de Ultimate em Cadeira de Rodas.

Na verdade, a competição que se realizou naquela localidade italiana entre 28 de setembro a 1 de outubro, e na qual participaram quatro seleções – duas italianas, uma alemã e outra internacional – foi uma verdadeira lição de vida.

As histórias que conheceu, as pessoas com quem conviveu e a felicidade que viu naqueles atletas valeram muito mais do que o sucesso desportivo do evento. O docente do Politécnico de Leiria regressa de “coração cheio” por sentir que o trabalho que fez ao longo dos anos é importante para estes jovens jogadores, muitos deles que em determinado momento da sua vida foram “negligenciados”, que se sentem agora “valorizados”.

Nesta modalidade disruptiva, que coloca o foco na autoarbitragem e defende o fair-play e o espírito de jogo, as regras descritas no eBook Flying Disc Parasport Wheelchair Ultimate, escrito por José Amoroso (na foto, o primeiro da fila de cima a contar da esquerda) e lançado em dezembro de 2021 pela federação internacional de desportos de disco (WFDF), fizeram a doutrina da prova.

Naturalmente, agora que o disco voou, terá de ser feita uma análise para perceber se serão necessários alguns “ajustes” às regras, mas o mais importante é que o ultimate frisbee praticado em cadeira de rodas “demonstrou enorme potencial”. Tanto, que já está marcada para 2025 a segunda edição do Mundial.

A competição, que foi “absolutamente inclusiva”, permitiu que alguns jogadores sem deficiência fizessem parte. A questão da avaliação dos graus de deficiência e correspondente pontuação vai ser um dos próximos focos de atenção do docente.

José Amoroso tomou contacto com a modalidade em 2000, quando estava em Erasmus, na Bélgica. Desde então tem pugnado por levá-la a todos os cantos. “Chamou-me a atenção por causa da beleza do ver os efeitos do disco a sair e a voltar ao campo”, explica o também fundador do LFO – Leiria Flying Objects. “Depois, quanto mais nos envolvemos, mais nos vamos apercebendo da riqueza ética que tem.”

Foi precisamente sobre o fair-play na modalidade que apresentou as teses de mestrado e doutoramento. Em 2016, apresentou a sua primeira obra, sobre o ensino do ultimate frisbee na escola.

Foto: Andrea Provos Mancuso

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