O povo saiu à rua e fez do Leiria Run uma enorme festa da Liberdade

Foi uma enorme festa do desporto, da atividade física, mas também da Liberdade, a que se pôde assistir este sábado, 4 e maio de 2024, em Leiria. A nona edição do Leiria Run bateu de forma avassaladora todos os recordes de participação.

Os números são impressionantes. Foram 3500 caminhantes e 1200 corredores, de vários locais do país e do estrangeiro, que aceitaram o desafio do Município de comemorar em forma de exercício o cinquentenário do 25 de abril de 1974.

Uma longa mancha vermelha, como os cravos de abril, percorreu a cidade. Entre o primeiro e o último caminhante a partir passaram exatamente sete minutos.

Depois, o pelotão estendeu-se e teve oportunidade de conhecer alguns dos pontos-chave da Ditadura, da Oposição e do Dia da Liberdade em Leiria, como o antigo Hotel Central, o escritório do advogado José Henriques Vareda, a sede da PIDE ou a antiga Tipografia Leiriense.

Enquanto isso, quem se dedicava à corrida tinha de contar com difíceis desafios à resistência, como degraus sem fim e a já incontornável passagem pelo rio.

Entre os homens, os três primeiro a completar os 13 km da prova foram leirienses. Tomás Estevães não deu hipótese à concorrência, seguido por André Roberto e Jorge Aires. Entre as senhoras, Cátia Santos, Cátia Ferreira e Mariana Cordeiro completaram o pódio.

No final, a festa tomou conta do Estádio Municipal Dr. Magalhães Pessoa, com a certeza que em 2025 haverá mais e (ainda) melhor.

Locais de passagem associados ao 25 de abril de 1974

Antigo Hotel Lis – Era no Hotel Lis que a Oposição em Leiria se reunia em jantares de trabalho. Foi também local de acolhimento a Humberto Delgado numa visita realizada no âmbito das eleições presidenciais de 1958.

Igreja Baptista – Foi o local escolhido pelos opositores leirienses para a organização da campanha de Humberto Delgado às presidenciais de 1958.

Antiga Novilux – Uma inovadora loja de eletrodomésticos cujo proprietário era Joaquim Vieira, um dos organizadores da receção a Humberto Delgado, em 1958.

Escritório de José Henriques Vareda – O escritório do advogado e líder da Oposição foi cercado pela polícia em 1972, ficando os presentes numa das reuniões de opositores ficado sequestrados durante dois dias. No chamado Verão Quente de 1975, o atual edifício da Cedile foi assaltado e incendiado por elementos de extrema-direita.

Sede da PIDE/DGS – Local onde, até 25 de abril de 1974, funcionou a sede da PIDE, mais tarde DGS.

Antigo quiosque de António Carvalho – O ardina leiriense distribuía propaganda política clandestina oculta nos jornais. Foi também preso político.

Antigo Hotel Central – Local onde se realizavam jantares de trabalho da Oposição até ao grande incêndio do edifício, em 1973.

Entrada para o Ateneu – Local de convívio e tertúlia social entre todos os estratos sociais. As conferências públicas Conversas à Noite eram presenciadas e relatadas pela Polícia e pela PIDE.

Antiga Tipografia Leiriense – Local onde era impresso o Região de Leiria, jornal que publicava, de forma disfarçada, textos de opositores ao regime.

Antigo Governo Civil e PSP – Local por onde passaram diversos presos políticos, como Miguel Torga.

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