Quando “paixão” e “obsessão” rimam com Leiria e Marrazes na 2.ª Divisão

A melhor coisa que Simão Clemente herdou foi a paixão pelo Sport Clube Leiria e Marrazes. O avô era cobrador de quotas e ele, desde que calçou os patins pela primeira vez, tinha o sonho de levar a força que veste de negro mais além.

Estava no pavilhão na única vez que a equipa de hóquei em patins subiu à 2.ª Divisão e sempre quis repetir esse feito.

Enquanto jogador foi a duas liguilhas, esteve em equipas recheadas de talento, mas por algum motivo o objetivo falhou sempre.

Esteve fora, viveu outras experiências, e, entretanto, voltou. Este ano, finalmente, passadas três décadas, pôde festejar.

E quando é com “amor” e “paixão”, o sentimento torna-se “brutal”. Ainda por cima, numa equipa que andou sempre “no fio da navalha”.

Ganhar por um com um golo no último minuto parecia ser a imagem de marca do grupo, mas esse facto também provava a resiliência, a vontade e o grupo coeso que Simão Clemente conseguiu criar.

Este sábado, frente ao Campo de Ourique (9-3), o Leiria e Marrazes fez a festa da subida com uma jornada ainda por disputar no playoff de promoção ao segundo patamar do hóquei em patins nacional.

Por incrível que pareça, esta temporada feliz sucede a outra em que a equipa, apesar de formada, nem sequer competiu devido à pandemia.

Simão Clemente queria “jogar todos os jogos para ganhar”, “chegar ao terço final da prova com hipóteses matemáticas de subir” e “trazer mais pessoas ao pavilhão” e conseguiu. Tudo.

Mas com a chegada de dois jogadores “muito acima da média”, mesmo que “não houvesse dinheiro para ninguém”, nem para aqueles que viajam para Leiria três vezes por semana de Alcobaça ou Santarém, a vontade de subir tornou-se “uma obsessão”.

“Se a porta estivesse aberta nós íamos entrar. Foi o que aconteceu”, sublinha o responsável.

Conseguiram sempre superar as dificuldades, porque os atletas jogaram com “amor à camisola” numa terra bairrista como poucas, onde o “trabalho invisível” de muita gente foi fulcral.

Por isso, nunca faltaram “os almoços, os cafés, as camisolas ou os transportes”. “Se fosse preciso alguma coisa, havia sempre alguém que aparecia”, enfatiza Simão Clemente.

Com “amor à terra, ao clube e ao desporto”, encheram-se as bancadas do pavilhão de marrazenses ansiosos por ter uma grande alegria, nem que fosse apenas aquela, ao sábado, de 15 em 15 dias, fechados num pavilhão.

“Quando damos à comunidade o que ela precisa, a comunidade dá-nos tudo o que precisamos. Nós, naquele rinque, lutámos por centenas. Se calhar milhares.”

Fotos: Renato Batista

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