Muito mais do que saltos e acrobacias em meio urbano, o parkour competitivo é uma modalidade que desafia os limites do corpo e da mente e exige agilidade, força e uma mentalidade destemida. Neste fim de semana, na Taça do Mundo desta modalidade, realizada em Coimbra, dois jovens traceurs do Ateneu Desportivo de Leiria levaram a sua paixão e habilidades a um palco internacional, enfrentando os melhores do mundo.
Falamos de Bernardo Coelho, de 26 anos, e Filipa Menezes, de 18. Apesar de o parkour ter apenas dois anos de prática no clube de Leiria, com treinos no Pavilhão dos Silvas, o grupo tem demonstrado uma evolução impressionante.
Bernardo, que além de atleta é também o treinador, sublinha o desafio mental que a modalidade impõe. “Em termos psicológicos, o parkour é um desafio constante. Realizar movimentos a dois metros do solo é um teste mental. É preciso uma grande capacidade de superação. Muitas vezes, a mente diz que não conseguimos, mas, na realidade, tudo é possível.”
Já Filipa Menezes é uma atleta multifacetada, com um currículo notável, que inclui um título de campeã nacional de tumbling e uma participação recente no Campeonato Nacional de Ginástica Artística. Combinando essas valências com o parkour, mostra uma versatilidade e um domínio excepcionais.
Durante a Taça do Mundo, Bernardo e Filipa enfrentaram competidores de elite, incluindo atletas de renome pelas suas acrobacias extremas e movimentos inovadores. Ambos competiram na final de freestyle, desafiando os favoritos. “Superámos as expectativas e fizemos história. Que experiência! E que oportunidade!”, celebram, refletindo a emoção e a realização de competir ao lado dos melhores do mundo capazes de fazer os mortais mais desafiantes.
A prova, que reuniu mais de 100 atletas de 27 países, desafiou-os com percursos variados. O percurso de Coimbra, classificado como bastante exigente, incluía blocos de cerca de 2,5 metros de altura, barras horizontais e outros obstáculos, numa extensão total de pouco mais de 80 metros para a categoria speed, onde a velocidade é crucial. Na categoria freestyle, os atletas foram avaliados pelos três melhores truques, classificados conforme a execução e a dificuldade.
A participação destes traceurs não só atesta a sua habilidade e empenho, mas também destaca o crescente prestígio do Ateneu Desportivo de Leiria no cenário global do parkour. Com cada salto e acrobacia inspiram a próxima geração de traceurs a seguir os seus passos.
E a verdade é que se chegou a este ponto porque Bernardo, que praticava calistenia no Polis e procurava mais e melhores condições, encontrou no Ateneu Desportivo de Leiria o refúgio ideal. O entusiasmo tem sido crescente e já lecciona duas turmas para candidatos a traceurs de diferentes idades. “Pelo que tenho percebido, a malta pratica porque precisa de se desafiar, de adrenalina e de ultrapassar limites.”
Com origem nas ruas, o parkour pode ser resumido como a arte de ir de um ponto a outro com a máxima eficiência e
fluidez. Apesar de ser recente já inspirou diversos eventos desportivos e filmes de ação, tendo ganho muitos seguidores.
A sua prática é predominantemente em ambiente urbano, podendo ser adaptado para espaços fechados com blocos, paredes e barras. Para superá-los, os traceurs devem fazer uso de uma série de gestos, como o salto do gato, salto com o braço, drop jump e wall run.
Havendo uma grande variedade de competições pelo mundo, o forte do parkour é a sua filosofia e forma de estar. O constante movimento, o encontrar um obstáculo no seu caminho e criar uma estratégia para progredir, estimulando a autoconfiança e autocontrolo dos seus praticantes..
O parkour promove valores como a honestidade, respeito, humildade, abnegação, criatividade e inclusão.