Ciclista de A-do-Barbas abdica de vencer etapa para ajudar adversário

Dizem que passou ao lado de uma grande carreira, que o nível que exibe é superlativo e que se tivesse começado no tempo certo seria um ciclista de mão cheia.

A verdade é que só aos 23 anos se dedicou à competição, pelo que os resultados que tem alcançado têm sido nas categorias amadoras e de veteranos, já que o tempo não para e André Filipe já conta 35 anos.

Têm sido títulos nacionais atrás de títulos nacionais, tanto na estrada como no BTT, sendo de destacar o facto de, em 2017, ter sido vice-campeão mundial de cross country olímpico para atletas com mais de 30 anos.

O ciclista do Centro Popular e Recreativo de A-do-Barbas, da freguesia da Maceira, é sistematicamente notícia pelos melhores motivos.

Vinha de ganhar, já em maio, a classificação open do Portugal Brasil Ride, e este fim de semana, em Trás-os-Montes, ganhou a melhor medalha que um atleta pode conquistar: ser reconhecido pelo seu fair-play.

Disputava a vitória na segunda etapa do Grande Prémio de Ciclismo de Alfândega da Fé quando viu o único adversário sofrer uma queda, após 90 km de esforço e a 300 escassos metros da meta.

De imediato, André Filipe decidiu ajudar Miguel Pinto, garantindo que este ganharia a etapa. A imagem que encabeça este texto mostra o momento do triunfo do atleta do SPAC BTT.

“No desporto, não vale tudo e a vitória provavelmente iria ser dele, por isso, apenas fiz o que estava certo”, explicou André Filipe.

O ciclista do CPR A-do-Barbas disse ainda que Miguel Pinto lhe agradeceu o gesto e destacou que o desporto, sobretudo o amador, deve ser solidário e movido por valores como o “fair-play” e a entreajuda.

“Isto deve ser a génese do desporto, sobretudo por quem o pratica apenas por satisfação e motivação pessoal”, sublinhou o corredor.

Apesar de não ter vencido a etapa, André Filipe, que já tinha triunfado no contrarrelógio da etapa inaugural, viria a conquistar a classificação geral da prova transmontana, numa vitória que teve “sabor especial”, sobretudo pela forma como foi alcançada.

“Foi uma alegria diferente, porque acabei por subir ao topo do pódio sabendo que estava a ser correto com o meu adversário e a respeitar uma das principais premissas do desporto: a ética desportiva”, rematou André Filipe, o grande e verdadeiro vencedor do Grande Prémio de Ciclismo de Alfândega da Fé.

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