É a alma do Clube de Judo Dragão e já arbitrou uma final olímpica

A tradição desportiva de Leiria é incontestável. Nesta terra já se criaram campeões europeus, como o futebolista Rui Patrício, e também já se sorriu com os títulos mundiais alcançados pelos nossos filhos diletos, de que é exemplo a lançadora de peso Auriol Dongmo.

No entanto, ainda nenhum atleta do concelho teve direito à coroa de louros e a uma medalha nos Jogos Olímpicos. Quem mais próximo ficou foi mesmo a pupila de Paulo Reis, radicada na cidade desde 2017, que ficou a escassos cinco centímetros do pódio em Tóquio, em 2021.

Por estranho que pareça, contudo, já tivemos alguém ainda mais próximo do ouro olímpico. Aliás, foi ele que o decidiu. Falamos de Carlos Duarte, que, nos Jogos Olímpicos de 2004, em Atenas, dirigiu a final da categoria de -66 kg, onde o lendário japonês Masato Uchishiba derrotou o eslovaco Jozef Krnac pela pontuação máxima (ippon). “É impossível descrever o que senti naquele momento, ao ouvir o meu nome e o de Portugal. Era um combate muito importante e o meu trabalho foi bastante elogiado. Oi uma final extraordinária”

Carlos Duarte arbitrou a final de -66 kg dos Jogos Olímpicos de 2004

Esteve ainda nuns Jogos Paralímpicos, em 2000, um momento impossível de esquecer. “Ter de dirigir combates entre cegos e surdos, com um nível elevadíssimo, foi das experiências mais ricas que tive”, sublinha. Três Mundiais e 11 Europeus de seniores, mais quatro Mundiais e nove Europeus de juniores são outros destaques do currículo.

Era uma carreira que exigia “dedicação”, “disponibilidade” e “mente aberta” e Carlos Duarte adaptava-se facilmente a novas circunstâncias e conseguia notas máximas nas avaliações. Mas, em 2005, pouco mais de um ano após ter estado em Atenas, encerrou a carreira no estrangeiro por estar “saturado de tantas viagens”, “oito, nove, dez por ano”, às vezes de “24 horas”, o que “não era muito aconselhável”, também “a nível de saúde”. “Já não tinha objetivos por alcançar e andar sempre a viajar tem custos, sobretudo a nível profissional, porque nunca estava em Portugal.”

E pensar que tudo começou em 1974, quando Carlos Duarte deixou a sua Viana do Castelo para cumprir o serviço militar em Leiria e desde logo se tornou num dos impulsionadores da modalidade em Leiria. Ia treinar “às escondidas” com o mestre filipino Jaime Nolan no Clube de Judo Dragão, emblema do qual é presidente de forma ininterrupta desde 1979, precisamente o ano em que começou a arbitrar.

“Sou o único atleta que se mantém no clube desde o primeiro dia”, diz. O gosto pela modalidade, de resto, tem permanecido ao longo dos anos, como se tem mantido a paixão por ensinar os mais novos, “já vão quase 50 anos”. “Orgulho-me de ter sido mentor de três gerações distintas. Já treinei pais, filhos e netos”, salienta. “Formar cidadãos e passar os valores do judo tem sido uma jornada muito interessante.”

Comentários

  • Augusto Almeida
    7 Fevereiro, 2023 @ at 20:36

    É meu amigo do coração e muito devo na área da arbitragem

  • Augusto Almeida
    7 Fevereiro, 2023 @ at 20:38

    És serás sempre meu amigo

  • Lígia Duarte
    7 Fevereiro, 2023 @ at 20:59

    Muitos Parabéns Carlos Duarte pela tua dedicação e resiliência
    Pelas metas alcançadas
    Pelo exemplo
    E não é por seres meu irmão,meu querido
    Mas tenho muito orgulho
    ☺😊😀😍❤

  • Lígia Duarte
    7 Fevereiro, 2023 @ at 21:07

    Parabens Carlos Duarte pela dedicação e resiliência,pelo exemplo,pelas metas alcançadas!!!
    E não é por seres meu irmão mas tenho muito orgulho
    Beijinhos mano 😍😚

  • Luiz Cosme
    7 Fevereiro, 2023 @ at 23:12

    Carlos Duarte. O teu destino estava traçado. Foste, neste desporto, 5 estrelas porque nunca houve 6….

  • Julio César Neto Magalhaes
    8 Fevereiro, 2023 @ at 01:48

    Testemunha desde sempre, do inegável trabalho primeiro na formação de judocas e depois como árbitro mundial até aos jogos olímpicos feito único no judô portugues Carlos Duarte encheu o peito de orgulho a tantos como eu que tive o privilégio de ver atuar ao mais alto nivel em todo o mundo. parabéns Carlos

    • Julio César Neto Magalhaes
      8 Fevereiro, 2023 @ at 01:57

      Parabéns Carlos Duarte sou teu fã desde sempre, és um ícone da arbitragem portuguesa, competente, rigoroso e inteligente. Tive o privilégio de acompanhar o teu trabalho em vários palcos do mundo com orgulho de ver um português desempenhar essas grandes responsabilidades de forma seguro de quem sabe. Um abc

  • Julio César Neto Magalhaes
    8 Fevereiro, 2023 @ at 01:50

    Testemunha desde sempre, do inegável trabalho primeiro na formação de judocas e depois como árbitro mundial até aos jogos olímpicos feito único no judô portugues Carlos Duarte encheu o peito de orgulho a tantos como eu que tive o privilégio de ver atuar ao mais alto nivel em todo o mundo. parabéns Carlos.

  • Belmiro Xavier (LF 44.481-Clube de Judo do Porto)
    8 Fevereiro, 2023 @ at 14:13

    Saudações e Parabéns pelo seu exemplo).

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