Olhava-se no espelho e sentia-se envelhecer. João Campos estava afastado dos courts há uma década e, com uma vida sedentária, o corpo começava a avisá-lo de que precisava de se mexer.
Achou que tinha de fazer alguma coisa. A opção foi, naturalmente, voltar a fazer ao que mais prazer lhe dava, o ténis. Agora, menos de dois anos depois de voltar a pegar nas raquetes, vai representar Portugal no Mundial de veteranos.
Foi uma grave lesão no tendão de Aquiles que o levou a abandonar o ténis na flor da idade. O regresso, esse, foi feito com todo o cuidado. Primeiro, uma vez por semana, “para desenferrujar”. “O bichinho voltou” e começou, gradualmente, a treinar mais. Ao fim de dois meses foi fazer um torneio a Cantanhede e chegou à final. Foi subindo no ranking e acabou o ano no número 12 nacional. Hoje, é o terceiro da hierarquia.
“Tinha de ser passo a passo, devagar, por causa da limitações com que fiquei. Fiz a primeira época de maneira a ver como é que o corpo ia aguentar. Fui-me sentindo bem e este ano já pude ir um bocadinho mais além”, explica o leiriense de 40 anos, que tem uma “dura vida de trabalho”.
Acorda às cinco da manhã para trabalhar e há dias em que faz mais de mil quilómetros antes de treinar ou jogar, mas já não abdica dos prazeres que o ténis lhe dá, garante o tenista que agradece o apoio da esposa neste regresso à competição.
Esta noite, João Campos parte para Antalya, na Turquia, onde, de 18 a 24 de março, vai disputar o Mundial por Equipas pelo escalão de +35 anos. Depois, de 25 de março a 1 de abril, vai participar na competição individual.
Claro que representar Portugal pela primeira vez é um “enorme motivo de orgulho” e para fazê-lo ao melhor nível sabe que tem de ser feito uma “gestão de esforço grande”, revela o atleta que, apesar de representar o Clube de Ténis de Viana, treina no Complexo Municipal Dr. Rui Garcia da Fonseca, casa do Clube Escola de Ténis de Leiria.
Agora, é “dar tudo” e, quiçá, melhorar o terceiro lugar de Portugal obteve na última edição do evento. Ele que foi um dos melhores jogadores jovens do país está a viver o sonho de, finalmente, poder andar na alta roda com as quinas ao peito.
Foto: Sara Falcão/FPT