Livro de professor de Leiria regula primeiro Mundial de ultimate em cadeira de rodas

A primeira edição do Campeonato do Mundo de Ultimate em Cadeira de Rodas vai realizar-se em Lignano Sabbiadoro, Itália, de 28 de setembro a 1 de outubro. O momento é absolutamente histórico para esta modalidade disruptiva, que coloca o foco na autoarbitragem e defende o fair-play e o espírito de jogo. Mas também é para o leiriense José Amoroso.

Sendo um evento inaugural, que será disputado por seis seleções nacionais e quatro dezenas de atletas, os requisitos para as seleções nacionais serão bastante flexíveis, mas terá como base as regras descritas no eBook Flying Disc Parasport Wheelchair Ultimate, escrito pelo docente da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais, de Leiria.

Foi em dezembro de 2021 que a federação internacional de desportos de disco (WFDF) lançou a primeira edição do eBook, a primeira incursão de José Amoroso na versão adaptada a praticantes com necessidades especiais.

O documento, que chegou a mais de uma centena de federações nacionais de todo o mundo, resulta de vários estudos, fundamentais para perceber “que caminho seguir”. Tem sido, pois, “um forte incentivo para a promoção do desporto adaptado”, nomeadamente do ultimate frisbee que, praticado em cadeira de rodas, “demonstra enorme potencial”.

Ña altura, José Amoroso contou com o “inestimáveis” contributos dos atletas de andebol e basquetebol em cadeira de rodas da delegação de Leiria da Associação Portuguesa de Desportos (APD Leiria). “Ajudaram-nos a perceber que caminho seguir.”

Houve questões particularmente discutidas, como as medidas do campo, se 40×20 metros como no andebol, ou 28×15 metros, como o basquetebol. “Optámos pelo mais pequeno, porque entendemos que tornava o jogo ainda mais inclusivo pois permitia a prática em outros locais.” Outro dos assuntos que provocou alguma discussão foi o número de jogadores por equipa e acabaram por optar por quatro.

Claro que depois da competição, com os feedbacks que formos recebendo, vamos perceber melhor o que é necessário mudar”, sublinha o responsável, feliz por saber que o seu trabalho é útil para a evolução dos desportos adaptados.

José Amoroso tomou contato com a modalidade em 2000, quando estava em Erasmus, na Bélgica, apaixonou-se e desde então tem pugnado por levá-la a todos os cantos do país.. “Chamou-me a atenção por causa da beleza do ver os efeitos do disco a sair e a voltar ao campo”, explica o professor, fundador do LFO – Leiria Flying Objects. “Depois, quanto mais nos envolvemos, mais nos vamos apercebendo da riqueza ética que tem.”

Foi precisamente sobre o fair-play na modalidade que apresentou as teses de mestrado e doutoramento. Em 2016, apresentou a sua primeira obra, sobre o ensino do ultimate frisbee na escola.

Comentários

  • Lidia Lopes
    16 Março, 2023 @ at 18:30

    De louvar o interesse pelo desporto adaptado..Ninguém ficará de fora se
    houverem pessoas abnegadas como
    este professor.

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