Utentes da OASIS fazem exercício e aprendem a defender-se nos treinos de ju-jitsu adaptado

Quando, em 2022, Fábio Carril ajuizou a final do Campeonato do Mundo de Ju-jitsu Adaptado, disputado nos Emirados Árabes Unidos, sentiu um forte apelo para, também ele, enquanto treinador, começar a trabalhar de forma regular com atletas com deficiência.

Na verdade, e integrando o universo Asteriscos, associação focada no desenvolvimento cultural, desportivo e pessoal, há muito que os responsáveis dos Lobos de Leiria sentiam uma pecha na sua oferta desportiva. “É um clube jovem que tem feito muito pela interação, mas ainda não tinha cumprido a sua missão de integração”, explica o presidente da direção, Raul Testa.

Este ano, o clube que tem o tatami instalado nos Pousos já organizou o Campeonato Nacional Adaptado no Pavilhão do Lis, nas Cortes, o primeiro do país com características inclusivas. Cumpre agora o seu afã.

Os novos praticantes estão entusiasmados a experiência proporcionada pelos Lobos de Leiria

Ora, os sorrisos dos novos praticantes não enganam ninguém. São os utentes da OASIS – Organização de Apoio e Solidariedade para a Integração Social que na semana passada começaram a praticar esta arte marcial depois de as associações terem assinado um protocolo de cooperação.

Os atletas estão divididos em dois grupos “com condicionamentos de diferentes níveis”, da deficiência visual, às limitações cognitivas ou físicas, mas todos com uma enorme vontade de aprender as novas técnicas.

“Estão a reagir bem e estão muito entusiasmados. É uma coisa diferente, por isso fogem à rotina. Apesar de terem muito contacto com desporto, nunca tiveram com artes marciais. O mais importante é estarem a mexer-se. É bom para o corpo e é bom para a mente”, diz Diana Rocha, animadora da OASIS.

Utentes da OASIS dividem-se em dois grupos “com condicionamentos de diferentes níveis”

“Não há que subestimá-los”, sublinha Fábio Carril, ciente de que um grupo se focará mais nos ideais das artes marciais, como a “integração, a criação de espírito de equipa ou ajuda ao próximo”.

O outro, com “maior expressão motora”, até se poderá dedicar à competição, se assim entenderem. “Se trabalhamos tão bem como lá fora, porque não havemos de ambicionar esses palcos?”

O repto, entende o técnico com formação em ju-jitsu adaptado, tem sido excelente. “Temos de estipular um ponto ótimo, conseguindo que se superem, mas sem a facilidade de um passatempo. Só assim vão poder desafiar-se, desenvolver a capacidade física e obter as valências de defesa pessoal que esta arte marcial completa fornece.”

Comentários

  • Emília Ferreira
    21 Setembro, 2023 @ at 13:58

    Muitos parabéns pela vossa disponibilidade para trabalharem com pessoas diferentes mas que merecem também oportunidades para mostrarem que conseguem aprender e fazer muitas coisas como todas as pessoas ditas normais
    Muito obrigada

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