Em 2015, estava a falar sobre o facto de ter dupla nacionalidade no ginásio da piscina quando Nuno Santos, colega no Bairro dos Anjos, atirou: “e se começasses a competir pelo Malawi?”
Filipe Gomes reside em Leiria desde os 10 anos, mas nasceu naquele país africano que representa nas mais importantes competições do planeta, inclusive nos Jogos Olímpicos de Tóquio do ano passado.
A história começa quando os avós maternos de Filipe Gomes se mudaram para África, ainda jovens. O avô abriu uma oficina de bate-chapas, integrou-se na comunidade e construiu família. A terceira geração já nasceu naquele ambiente.
O rapaz, de resto, sempre adorou os petiscos da avó, um twist entre comida portuguesa com ingredientes africanos. O que nunca podia faltar era o nsima, um prato à base de farinha de milho, na forma de um puré branco.
Foi, de resto, no lago Malawi, ou Niassa, um dos maiores do mundo, que Filipe começou a nadar. “Ia sempre com colete, mas houve um dia em que me atiraram para dentro de água e fui a nadar à cão até ao meu pai.”
Por estes dias, o nadador do Bairro dos Anjos está em Budapeste, onde já concluiu a sua quarta participação nuns Mundiais de natação.
Ele que, aos 25 anos, detém 33 recordes nacionais em distâncias e técnicas diferentes. Só lhe falta costas.
Foi 56.º classificado nos 100 metros bruços com a sua terceira melhor marca de sempre e acabou por ser desqualificado nos 500 metros bruços por causa de um “movimento involuntário”.